Ufal celebra professores imortais pela Academia Alagoana de Educação
A posse dos novos membros destaca a trajetória de professores comprometidos com temas essenciais para a educação transformadora
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Imortalizada e bem representada. A Ufal vai ganhar mais cinco cadeiras na Academia Alagoana de Educação (Acale), na terça-feira (16), quando os novos membros eleitos tomarão posse. Os professores Cleriston Izidro dos Anjos, Maria Dolores Fortes Alves, Antônio Carlos Silva Costa, Jerzuí Mendes Torres Tomaz e Mário Jorge Jucá estão lista dos dez imortais escolhidos na última eleição da Acale.
A posse está marcada para às 16h, no auditório do Cesmac, Campus I. Instituída e constituída em 2017 a Acale é uma associação cultural e educacional sem fins lucrativos, e tem por finalidade realizar estudos e pesquisas, definir e interpretar fatos, fenômenos e problemas da educação e ensino na sua acepção geral, competindo-lhe, como órgão de cooperação cultural, consultas, incentivos, promoções e realizações no campo educacional.
O professor do curso de Pedagogia, Cleriston Izidro dos Anjos, do Centro de Educação (Cedu), vai ocupar a cadeira número 1, cujo patrono é Anfilófio Jayme de Altavilla de Oliveira Mello. O momento marca a entrada de um pesquisador negro, comprometido com a educação das infâncias e com a promoção da igualdade racial, no colegiado que reúne nomes de referência da educação em Alagoas.
A presença de Cleriston na Acale dialoga diretamente com os princípios do Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), que afirma o dever do Estado e da sociedade de garantir igualdade de oportunidades e combater qualquer forma de discriminação, especialmente no campo da educação e da cultura. “Ao ocupar a cadeira 1, amplio a visibilidade de intelectuais negros na cena educacional alagoana e reforço a importância de que crianças, jovens e adultos vejam, em espaços de prestígio, pessoas que partilham suas histórias e pertencimentos”, destacou.
Atualmente, Cleriston é coordena o Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas em Pedagogias e Culturas Infantis (Geppeci) e mantém intensa colaboração com pesquisadores de diferentes estados brasileiros e de países como Portugal, Angola, Itália, Argentina e Colômbia, em torno de temas como cidadania das crianças, desigualdades educacionais, relações étnico-raciais e de gênero, e formação docente para a Educação Infantil.
Esse ano o professor foi agraciado com a Comenda Maria Mariá, honraria concedida pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Primeira Infância (Cria), a personalidades que se destacam na defesa e na promoção da Educação Infantil no Estado.
Mais representatividade
O ano de 2025 foi de muita luta e dor para a professora que vai ocupar a cadeira número 7, Maria Dolores Fortes Alves. Ela enfrentou três meses de UTI, entubada, os parentes chegaram a ser chamados para se despedir, mas ela seguiu a batalha, tem se recuperado e no dia 16 será imortalizada na Acale pela sua trajetória como escritora, palestrante internacional, pesquisadora e militante nas áreas de Educação, Formação de Professores e Inclusão.
Essa profissional, que tem como patrono Eduardo da Mota Trigueiros, desenvolveu Artrite Reumatoide Infantojuvenil aos três anos de idade, só começou a frequentar a escola aos 9 e entre muitas internações, precisou acreditar nos sonhos e nos próprios limites para construir uma história acadêmica. Após 11 anos de Ufal, organização de três congressos internacionais, mais de 58 publicações em periódicos qualificados, 69 capítulos de livros e 18 coletâneas; ter orientado 13 mestrados e cinco doutorados, foi licenciada para o pós-doutorado.
Depois dos meses de UTI, Dolores ainda descobriu um melanoma plantar, mas hoje, com o apoio de amigos e familiares, além dos profissionais da saúde, segue a recuperação e realizando sua pesquisa, quebrando os rótulos da exclusão, e como ela diz: “mostrando que todos nós somos partes de um tecido comum: A Teia da Vida”. Em seus projetos, busca favorecer rupturas de paradigmas, dentro de uma perspectiva transdisciplinar, ecossistêmica e complexa inspirada por teóricos como Ivani Fazenda, Paulo Freire, Maria Cândida Moraes, Carlos Rodrigues Brandão, Ubiratan D'Ambrósio, entre outros, quebrando preconceitos.
“Gratidão e honra a cada colega de trabalho, docentes e discentes, aprendentes, ensinantes a quem posso chamar de amigos e amigas, companheiros e companheiras de jornadas e vida. Juntos iremos mais longe! Honro e agradeço as múltiplas aprendizagens e partilhas”, mencionou, na expectativa da posse como mais um grande feito na sua vida.
Destaques na educação e na sociedade
Ao lado de Cleriston e Dolores, o professor Antônio Carlos vai ocupar a cadeira 24, que tem como patrono José da Silveira Camerino. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestrado e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), o docente da Ufal tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Recursos Humanos, atuando principalmente nos temas de geração de renda, modelo assistencial, cooperativismo, empreendedorismo e educação superior.
Antônio Carlos tem mais de 60 artigos publicados, quatro livros e é revisor de diversos periódicos como a Revista Contemporânea de Economia e Gestão e a Revista Amazônia, Organizações e Sustentabilidade. O professor já recebeu prêmios de excelência acadêmica, sendo um deles pelo trabalho intitulado Gerenciamento de captação de recursos: um estudo de caso sobre a Ong Junior Achievement Alagoas, apresentado no 6° Congresso Acadêmico da Ufal.
Outra docente da Ufal que será imortalizada na Academia Alagoana de Educação é Jerzuí Mendes Torres Tomaz, que promove saúde mental com pesquisas e intervenções inovadoras. Psicanalista e professora titular do Centro de Educação (Cedu), ela dedica sua expertise acadêmica e clínica a projetos que abordam temas cruciais como a violência de gênero, saúde pública e a interface entre educação e psicanálise. Com um sólido percurso acadêmico que inclui pós-doutorado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (Unifor), a professora também é membro ativo do Laboratório de Estudos sobre Psicanálise, Cultura e Subjetividade (Laepcus) do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Unifor.
Um de seus projetos mais impactantes, iniciado em 2022 e ainda em andamento, intitula-se Violência de gênero contra a mulher: uma proposta de escuta e intervenção com as mulheres e com os filhos. Reconhecendo a violência contra a mulher como um grave problema de saúde pública e uma prática sistêmica que se invisibiliza no discurso patriarcal, a pesquisa busca ir além da análise, promovendo intervenções diretas.
Desde 2021, a professora Jerzuí também integra o projeto Subjetividades, atualidades e intervenções multiprofissionais em saúde. Esta pesquisa analisa as possibilidades de intervenções multiprofissionais em saúde, alinhadas às diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na multidisciplinaridade e na multiprofissionalidade dos dispositivos de saúde. O estudo aprofunda conceitos de sujeito, subjetividade e subjetivação, com uma abordagem clínica institucional focada no "caso a caso". O projeto envolve a participação de alunos de graduação, mestrado e doutorado, além de profissionais das políticas públicas de saúde.
Os cinco novos representantes da Ufal nas cadeiras da Academia Alagoana de Educação reforçam a importância da diversidade e da inclusão na educação. Com as vozes de Cleriston, Dolores, Antônio Carlos, Jerzuí e Mário Jucá, a Acale se fortalece, trazendo uma rica perspectiva de experiências e conhecimentos para enfrentar os desafios educacionais contemporâneos. Essa celebração ressalta a relevância de um espaço onde educadores possam compartilhar suas histórias e impulsionar mudanças significativas para a sociedade alagoana.