8M em debate: mesa-redonda repensa o Dia Internacional da Mulher
Evento que aconteceu na última quinta-feira (13), discutiu comunicação, feminismos e a luta histórica de mulheres em busca dos seus direitos
- Atualizado em 18/03/2025 13h35

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, não é apenas um dia de comemoração, mas sim um momento de reflexão e luta política. Pensando nisso, o Curso de Relações Públicas (RP) do bloco de Comunicação Social (COS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) promoveu, na última quinta-feira (13), a mesa-redonda "Comunicação, feminismos e resistências". O evento contou com a mediação da professora Laura Pimenta e com as falas de Andréa Moraes, Nadine Louise e Lenilda Luna, para dar voz a mulheres que, através da coletividade e movimentos sociais, impulsionam o empoderamento feminino.
As discussões trazidas à mesa pelas convidadas reforçaram a potência da união feminina como agente transformador da realidade de muitas mulheres em busca dos seus direitos, além de retomar lutas travadas por elas. Andréa Moraes é uma mulher negra, professora do Instituto Federal de Alagoas e militante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro e destacou em sua fala: “É muito potente quando mulheres se reuném; termina se transformando também em uma rede de apoio”. Esse lugar trazido por Andréa é marcado pela força da ação coletiva de mulheres em busca da ocupação de espaços e que encontram, em suas aliadas, um lugar seguro para lutar por seus direitos.
Além de denunciar a maneira como mulheres negras precisam, constantemente, detalhar seus currículos para serem enxergadas e ouvidas, Andréa evidenciou em sua fala a dupla jornada de diversas mulheres e como elas se articulam para conseguir, mesmo com dificuldades, dar conta das demandas que lhes são atribuídas dentro e fora do contexto domiciliar, apontando esse problema como uma questão estrutural.
Nadine Louise, Coordenadora do Movimento de Empoderamento Feminino de Baque Virado Baque Mulher, unidade de Maceió, trouxe também grande contribuição à mesa com o seu relato de vivência no movimento e história do ingresso das mulheres na percussão do Maracatu de Baque Virado. O Baque Mulher nasceu em Recife, com o intuito de permitir que meninas e mulheres tocassem os tambores e confeccionassem seus instrumentos, atividades permitidas antes só aos homens. “Uma vez por ano existe um encontro nacional do Baque Mulher, onde vêm todas as mulheres para um encontro, sabe? Então assim, é uma coisa mágica a gente ter contato com mulheres do Brasil todo e do exterior que passam pela mesma problemática. Então é uma troca que a gente tem ali que é uma coisa riquíssima”, ressalta Nadine.
O espaço proporcionado pelo Baque Mulher, além de estimular a reflexão sobre desigualdade, violência de gênero e racismo, resguarda a memória de resistência das mulheres presentes nos bastidores da história do maracatu e fortalece as relações femininas, demonstrando que o movimento gera, através da música e dos encontros, o sentimento de pertencimento e acolhimento às mulheres e suas causas. Nadine enfatiza: “a gente toca como mulher!”.
Encerrando as falas da mesa com chave de ouro, Lenilda Luna, jornalista da Assessoria de Comunicação da Ufal e militante do movimento Olga Benário, fez uma fala de recuperação histórica. A jornalista salientou a importância de repensar a data e enxergar a comunicação como instrumento de resistência e de combate à opressão. Lenilda relembrou a manifestação e morte das mulheres operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque que lutavam por melhores condições de trabalho em 8 de março de 1857, data que ficou marcada como o Dia Internacional da Mulher. Finaliza dando enfoque às conquistas que a mobilização e coletividade feminina podem gerar: “participar de um coletivo é vida, gente. É vida”.
O evento também contou com momento de interação da mesa com o público, através de perguntas e de uma dinâmica que permitia às mulheres presentes denunciarem, de forma anônima em recortes de papel, violências de gênero que já sofreram. A dinâmica tem o intuito de expor, por meio de uma “árvore da denúncia” de papel colada no corredor do COS, as opressões sofridas por mulheres constantemente.
Sobre o evento e outras atividades
O evento foi idealizado e realizado pelo grupo de pesquisa Laboratório de Estudos em Comunicação, Organizações e Narrativas do Capitalismo - Baleia Ufal, em parceria com a Agência Experimental de Relações Públicas (Agerrp), projeto de extensão do curso de Relações Públicas da Ufal. Durante o mês de março, os realizadores mobilizarão ações de intervenção e celebração ao mês de luta das mulheres, com mesas-redondas e continuação das manifestações artísticas como a “árvore da denúncia”.
Para acompanhar as ações e saber mais dos realizadores do evento, siga Baleia Ufal no instagram (@baleiaufal) e Agerrp (@agerrp).