Estudante de Relações Públicas encontra na arte uma forma de se expressar
Gabriela Luz usa a pintura para lidar com os dilemas do cotidiano

Conciliar trabalho e estudo é a realidade de muitos universitários brasileiros. De acordo com o último Censo Superior, realizado em 2023, aproximadamente 50% de alunos matriculados em cursos de graduação já exerciam algum tipo de atividade remunerada desde os primeiros períodos.
Essa também é a rotina de Gabriela Luz, do curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A estudante trabalha em uma agência de publicidade e marketing, frequenta as aulas e, no tempo livre, se dedica à pintura como uma forma de encontrar paz em uma rotina cansativa.
“Minha vida é muito corrida. Entre trabalho e estudo, acabo me deixando de lado sem nem perceber. Acho que isso acontece com todo mundo que vive essa rotina cansativa, a gente se perde um pouco no meio das responsabilidades. Mas, apesar disso, eu tento encontrar paz. E uma das coisas que mais me traz leveza é a arte”, explicou.
De acordo com a estudante, o interesse pela arte sempre foi presente em sua vida, mas foi durante a pandemia que ela experimentou a aquarela como uma forma de expressão e se encontrou, dentro de um momento tão intenso e difícil.
“Desde então, continuo pintando sempre que posso. Às vezes, passo meses sem tocar no pincel, mas tento voltar, porque a arte me ajuda a clarear a mente, a sair da rotina e a reencontrar partes de mim que a correria da vida me faz esquecer”, afirmou.
Para Gabriela, encontrar um hobby e viver experiências que vão além do estudo e do trabalho são formas de autocuidado e de priorizar a própria vida, com carinho. Mas, além da questão do lazer, a pintura se tornou uma forma de lidar com sentimentos.
“Eu sou uma mulher trans e por muito tempo, enquanto eu vivia com medo ou dúvida sobre ser trans, a arte sempre foi uma válvula de escape. E com a terapia eu aprendi a usar isso como ferramenta para me entender e me preparar para a vida. Nesse sentido, até hoje, ela se tornou essencial pra mim”, complementou.
Fazer bem o que se gosta de fazer
Apesar de ser apenas um hobby, com poucos projetos profissionais relacionados a essa esfera, Gabriela Luz faz questão de estudar e aprimorar suas técnicas. De acordo com Sheyla Fernandes, professora do Instituto de Psicologia, praticar um hobby também envolve a resiliência e a busca pelo aprimoramento de uma determinada habilidade.
“A pintura ainda ocupa grande parte do meu tempo livre. Já passei em algumas bolsas pra estudar pintura, sempre que posso tô estudando. Minha técnica principal é a aquarela tradicional. Acho que o material, papel, lápis, tinta, me tiram um pouco das telas e da correria do digital. Mesmo quando uso ferramentas digitais, gosto de começar no papel e depois levar para esse caminho” explicou Gabriela.
“Meu estilo se desenvolveu com o tempo, as trocas que tive e as referências. Umas das maiores que tenho são os filmes do Studio Ghibli e diversos vários pintores, desde Renoir, até Eduardo Bastos (Arquiteto e Aquarelista de Maceió), mas sempre tento criar algo que seja meu, que fuja do convenciona”, complementou.
Além da pintura, Gabriela também busca outras formas de não se perder em um dia a dia caótico.
“Além da pintura, eu canto, canto desde sempre também, quase o tempo todo com o meu ukulele e quando posso, gosto de sair com minhas amigas. Um café, uma ida à praia, qualquer coisa que me tire desse lugar de pura produtividade e me lembre que viver também é sentir”, finalizou.