Nova conselheira da Capes, professora da Ufal destaca momento de transformações

Marília Goulart tomou posse na Capes e vai assessorar a Fundação que é responsável pela avaliação dos cursos de pós-graduação no Brasil

Por Manuella Soares – jornalista
- Atualizado em 12/03/2025 19h51
Professora Marília Goulart assina termo de posse ao lado da presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho
Professora Marília Goulart assina termo de posse ao lado da presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho

Com 50 anos de carreira dedicada à docência e às pesquisas, a professora Marília Goulart, vinculada ao Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Ufal, chega à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como uma das sete representantes da comunidade acadêmica do Brasil. Ela tomou posse, no último mês de fevereiro, no Ministério da Educação (MEC), em Brasília, onde a fundação é vinculada.

Os novos integrantes do Conselho Superior terão mandatos até 2028, com possibilidade de recondução ao cargo, e atuarão no estabelecimento de prioridades e linhas orientadoras das atividades da Capes. Marília avalia que sua nova missão será em sintonia com as transformações que o mundo está impondo, especialmente para a ciência.

“Os desafios e as expectativas são grandes. Nós estamos num momento de mudança turbulenta em todos os setores. Nós viemos de uma pandemia que mudou definitivamente o mundo, nós vemos uma política mundial muito diferente, e a entrada da Inteligência Artificial que vai modificar empregos e rumos profissionais do futuro. É um momento, realmente, de grandes mudanças. Então, a Capes tem que pensar no futuro desses profissionais, por isso, tem planos estratégicos de formação, tem que estar atenta e prever essas mudanças também”, disse.

A professora Marília Goulart é doutora em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-doutora por duas instituições: Queen Mary College, na Inglaterra, e Instituto de Química Orgânica de Münster, na Alemanha.

“A nossa vida como pesquisador é resolver, redefinir e definir novas questões a partir do que nós vemos ao nosso redor, trabalhando principalmente com jovens e outros profissionais, pensando na ciência como uma atividade multidisciplinar, onde as maiores descobertas vão acontecer nas interfaces. Então, a química constrói ligações e a química também liga habilidades”, enfatizou, num trocadilho com a área que atua e a levou para lugares de notoriedade.

 Na função de conselheira, a pesquisadora vai participar de duas reuniões ordinárias por ano, além das extraordinárias convocadas pela presidente Denise Pires de Carvalho, e vai cumprir uma agenda de atividades que incluem apreciar a proposta do Plano Nacional de Pós-graduação. Entre as linhas de atuação da Capes que a professora da Ufal vai colaborar estão a avaliação de programas stricto sensu [mestrado e doutorado], fomento à formação de professores da educação básica e de alunos de pós-graduação, e, ainda, a internacionalização da educação superior.

Uma mulher de destaque

A professora Marília Oliveira Fonseca Goulart é uma destacada pesquisadora na área de Química e Biotecnologia, com ênfase em Eletroquímica Orgânica, Bioeletroquímica e Química Orgânica.

Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prêmios e reconhecimentos, incluindo o Prêmio Jovem Cientista em 1984, na categoria graduados, pelo seu trabalho com Produtos Naturais. Em 2011, foi agraciada com o Prêmio Marie Curie, concedido pela Sociedade Brasileira de Química. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências desde 2015 e já atuou como vice-presidente da Sociedade Brasileira de Química (2016-2018) e da International Society of Electrochemistry (2017-2019).

No Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), ela coordena o Laboratório de Eletroquímica e Estresse Oxidativo. Seus interesses de pesquisa incluem a aplicação da eletroquímica em síntese orgânica, estudos bioeletroquímicos, eletrocatálise, química de produtos naturais e análise de biomarcadores do estresse oxidativo.

A produção acadêmica da professora conta com mais de 100 artigos e capítulos de livros, além de mais de 17 mil citações em diversas plataformas científicas pelos trabalhos publicados. Em sua experiência internacional, atuou como professora visitante na École Normale Supérieure, em Paris, e fez colaborações com grupos de pesquisa no Brasil e no exterior.

Em 2023, Marília recebeu a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico por suas contribuições na área de Química. “Eu sempre achei que química é vida. Química é transformação. E como nós estamos no mundo em transformação, é uma química! Molecular, mas ela orienta e é base para todas essas mudanças drásticas que estamos vivendo”, brincou.

Sobre a Capes

Atualmente a Fundação concede mais de 100 mil bolsas de pós-graduação, e teve o maior número da série histórica de bolsas no exterior, em 2024. O Conselho Superior da Capes é um órgão colegiado deliberativo. Compete ao grupo o estabelecimento de prioridades, a análise da programação anual e a proposta orçamentária da Capes, a apreciação do Plano Nacional de Pós-graduação (PNPG), entre outras atribuições estratégicas para o funcionamento da pós-graduação e dos programas de formação de professores da educação básica.

Compõem o colegiado integrantes da própria Fundação, dos m inistérios da Educação (MEC) e das Relações Exteriores (MRE), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), do Fórum Nacional de Pró-reitores de Pós-graduação (Foprop), da Associação Nacional de Estudantes da Pós-graduação (ANPG), dos Conselhos Técnico-Científicos da Educação Básica (CTC-EB) e da Educação Superior (CTC-ES), além de representantes da comunidade acadêmica e do setor empresarial.

São sete membros natos e 13 membros designados, entre eles, os que foram empossados para o mandato dos próximos quatro anos. Confira a lista dos conselheiros que representam a comunidade acadêmica:

Egberto Gaspar de Moura, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj);
Erasto Fortes Mendonça, da Universidade de Brasília (UnB);
Marília Oliveira Fonseca Goulart, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal);
Naomar Monteiro de Almeida Filho, da Universidade Federal da Bahia (Ufba);
Nilma Lino Gomes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
Sônia Regina de Souza Fernandes, do Instituto Federal Catarinense (IFC);

Rita Potyguara, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).



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