Artes circenses alagoanas são apresentadas em seminário de pesquisa

Docente da Ufal, Ivanildo Piccoli, falou sobre a importância do circo na cultura popular e a relevância de estudos no ambiente da academia

Por Thâmara Gonzaga - jornalista

Práticas circenses de Alagoas foram apresentadas durante o 3º Seminário Internacional de Pesquisa: o circo de ontem e de hoje, realizado no período de 28 a 30 de maio, na Universidade Federal da Bahia (Ufba).

A palestra foi conduzida pelo professor Ivanildo Piccoli, docente do curso de licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e líder do grupo de pesquisa Brincantuar: artífices cênicos, iniciativa cadastrada no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Além de expor algumas das práticas mais recentes de artistas circenses do estado, o professor abordou como essas ações reverberam na Ufal por meio da realização de pesquisas, trabalhos de conclusão de curso (TCC), projetos ou oficinas de extensão e apresentações promovidas pela comunidade discente.

O objetivo da palestra foi mostrar o quanto o circo é parte importante na cultura popular e a relevância de estudos no ambiente da academia, inclusive, com a valorização de personalidades que marcaram a história em Alagoas, a exemplo de Peronilda Batista de Andrade, mais conhecida como Dona Peró, a dama do circo.

Em um relato de pesquisa feito durante o mesmo evento, o docente ressaltou que seu trabalho é uma forma de valorizar e eternizar o legado de Dona Peró, que faleceu em 2024. Ele contou que, mesmo diante da fragilidade de saúde, “ela nunca deixou de atuar no cuidado, no zelo e na formação de artistas e políticas circenses em Alagoas, fato esse que a torna um exemplo de vida, amor e dedicação ao ser humano e à manutenção das Artes do Circo”.

Piccoli ainda relatou que, durante a pandemia, Dona Peró foi fundamental para acolher os artistas que ficaram sem recursos diante da suspensão das apresentações públicas, devido à emergência de saúde pública. “Com o apoio dela, muitos puderam receber auxílio, se cadastrarem em programas de sobrevivência social e ganharem cestas básicas em campanhas realizadas, até fora do estado, para os circenses que residiam ou estavam por Alagoas no momento de maior crise e fragilidade na pandemia”, disse.

Formada em Teatro e Artes Plásticas, Dona Peró era presença marcante na cena cultural de Alagoas. Ao recordar a história da artista, o docente conta que ela criou a organização não governamental (ONG) Sua majestade o Circo, atuando no antigo lixão da Vila Emater, periferia de Maceió. “Por décadas, deu possibilidade humana, educativa, social e profissional para centenas de artistas no contexto do Circo Social. Em todos os momentos de sua história e carreira, defendeu sua raiz alagoana, levando o nome do estado em todas as suas obras artísticas e formativas”, destacou.

Mais sobre o seminário

O Seminário Internacional de Pesquisa: O circo de ontem e de hoje é um evento acadêmico destinado a compartilhar pesquisas concluídas ou em andamento, reunindo pesquisadores de todo o Brasil, do exterior, estudantes de graduação e de pós.

Conferências, mesas-redondas, rodas de conversas, comunicações seguidas por debates, homenagens, lançamentos de livros, oficinas práticas de técnicas circenses e apresentações artísticas fazem parte da programação.