Docente da Ufal coordena Guia Nacional de Atividade Física para pessoas com TEA
Produção Técnica foi elaborada em parceria com o Ministério do Esporte e contou com a coordenação da professora do Iefe, Chrystiane Toscano
- Atualizado em 18/06/2025 16h26

Os estudos acadêmicos sobre intervenção com exercício físico para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), realizados na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ganharam destaque nacional e internacional por meio do Guia Nacional de Atividade Física para pessoas com TEA.
A obra, com uma abordagem inovadora, foi organizada pela professora do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe), Chrystiane Toscano, em parceria com o Ministério do Esporte, por meio da Secretaria Nacional de Paradesporto, e contou com a participação de pesquisadores de universidades públicas brasileiras e com pesquisa da Universidade de Coimbra, Portugal.
A publicação foi apresentada durante a 18ª Conferência dos Estados-Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas Com Deficiência, na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York, neste mês de junho.
“O diferencial do guia é que ele é o primeiro documento publicado pelo Ministério do Esporte destinado a orientar profissionais de Educação Física a avaliar, planejar e supervisionar programas de atividade física para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo, explorando, com especial ênfase, os exercícios físicos e a promoção da prática esportiva. Trata-se de um documento construído considerando as mais recentes evidências científicas sobre o tema, além da escuta de profissionais com reconhecida experiência na área”, relatou Chrystiane.
Pela primeira vez, o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletou informações sobre o TEA no Brasil. Divulgados em 2025, os dados indicaram que cerca de 2,4 milhões de brasileiros foram diagnosticados com essa condição do neurodesenvolvimento, o que equivale a 1,2% da população.
Um dos principais relatos entre os familiares é a dificuldade para conseguir o diagnóstico. E a luta não cessa por aí. Após a confirmação, a batalha é para ter acesso a serviços especializados que possam garantir os suportes necessários para garantir uma melhor qualidade de vida. E é nesse contexto que se mostra a relevância da produção elaborada a partir das pesquisas desenvolvidas na Ufal, desde 2009, pela professora Chrystiane, uma vez que pode subsidiar a formulação de políticas públicas específicas para esse público e direcionar a oferta de um serviço baseado em protocolos científicos.
“É um material diferenciado porque apresenta a atividade física como um grande aliado no atendimento especializado e tratamento adjunto que deverá ser ofertado a pessoas com TEA. Foi organizado com base em evidências produzidas internacionalmente, revisão de escopo, e que comprovam que determinadas características da intervenção podem, realmente, beneficiar melhorias, seja no perfil de sintoma primário da criança, seja nas condições concomitantes ao transtorno”, detalhou a pesquisadora.
Por sua relevância, o Guia vem recebendo reconhecimento de várias entidades e autoridades. Na última segunda-feira (16), o vereador por Maceió, Eduardo Canuto, publicou uma moção de aplausos para a professora Chrystiane devido ao trabalho na elaboração do material e reconhecendo a dedicação para o avanço das pesquisas na área.
Material de apoio para profissionais
O convite para elaborar o guia partiu da Secretaria Nacional de Paradesporto (SNPAR), em razão do trabalho de pesquisa do exercício físico para a população com TEA realizado por Chrystiane Toscano. Doutora em Ciências do Desporto e Educação Física pela Universidade de Coimbra, Portugal, a docente tem vasta experiência em estudos sobre caracterização do perfil coordenativo motor de crianças neurotípicas e qualidade de vida da população com TEA, além de coordenar diversas iniciativas voltadas para a formação de educadores da rede pública de ensino a partir de uma parceria com o Ministério da Educação (MEC).
“O protocolo de intervenção com exercício físico é um modelo que deu certo no contexto alagoano e já foi replicado em outros cenários nacionais e internacionais, demonstrando efeitos positivos. O aperfeiçoamento do protocolo tem sido acompanhado por outros pesquisadores parceiros, na perspectiva de produzir resultados ainda mais robustos”, informou a professora.
Coletivo de pesquisadores
A elaboração do material contou com um coletivo de pesquisadores das Universidades de Pernambuco, Estadual da Bahia, Federal de Santa Catarina e Universidade de Coimbra (Portugal), liderado pela docente da Ufal, Chrystiane Toscano.