Professores coordenam simpósios e apresentam trabalhos em evento nacional de História
Representantes da Ufal também lançaram livros e participaram de ações em defesa de uma historiografia crítica e plural
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Professores e pesquisadores do curso de História da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) participaram de coordenação de simpósios temáticos (STs), apresentações de pesquisas e lançamentos de livros durante o 33º Simpósio Nacional de História. O evento foi promovido pela Associação Nacional de História (Anpuh), entre os dias 13 e 18 de julho, em Belo Horizonte (MG), no Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Flávia Carvalho, Danilo Luiz Marques e Ana Paula Santana, docentes da Ufal, coordenaram STs em parceria com docentes de outras instituições. Além disso, Flávia Carvalho assumiu, pela segunda vez, a coordenação nacional do grupo de trabalho (GT) de História da África e comemorou a aprovação da moção em prol da criação da subárea de História da África e da Diáspora Africana junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Já Danilo está na coordenação setorial Nordeste do GT Emancipações e Pós-Abolição, fortalecendo a presença da Universidade alagoana nos debates nacionais sobre história africana e relações raciais no Brasil.
O coordenador do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Ufal, professor Elias Veras, além da participação em STs e mesas, representou a instituição na reunião do Fórum Nacional de Coordenadores de Pós-Graduação em História, espaço onde também apresentou trabalhos. Elias ainda falou sobre a importância da diretoria de Equidade e Diversidade de Gênero e Pautas LGBTQIAPN+, da qual fez parte da gestão colegiada entre 2023 e 2025, como um marco histórico diante do silenciamento de décadas da associação.
O evento também contou com a presença da pesquisadora e mestranda Manuela Batista, do PPGH Ufal, que integrou atividades do simpósio, fortalecendo a articulação entre pós-graduação, pesquisa e extensão.
Apresentação de pesquisas
A professora Michelle Reis de Macedo, pesquisadora do campo da História Indígena e docente da Ufal, compartilhou no evento dados de sua pesquisa de pós-doutorado desenvolvida na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj):
“Nesta Anpuh, compartilhei parte da caminhada de pesquisa que venho construindo junto à Aldeia Maraka’nà, território indígena urbano localizado no coração do Rio de Janeiro. Estar neste evento acadêmico, que por tanto tempo negou espaço aos povos indígenas, é mais do que apresentar uma pesquisa: é afirmar que existem outros modos de existir, sentir e narrar o tempo”, destacou a docente.
E acrescentou: “A Aldeia Maraka’nà dialoga com as ações de reexistência que também atravessam minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão na Ufal, onde busco tensionar os arquivos, descolonizar os currículos e fazer com que a universidade escute o chamado da terra e dos encantados que caminham conosco. A Anpuh, ainda marcada por silêncios coloniais, torna-se um território de voz quando estamos presentes”.
Integrante do grupo LahAfro e docente do curso de História e do PPGH, professor Willian Soares fez uma comunicação de suas pesquisas e destacou o intercâmbio com pesquisadores da educação básica. “Houve muitas questões e contribuições para a pesquisa, como o uso de fontes orais para saber a formação de docentes e conhecer o material usado em sala de aula. Tive contato com pesquisadores docentes da educação básica que promovem uma série de projetos voltados à educação antirracista”, relatou.
Neabi e lançamento de livros
A presença da Ufal também foi destaque no campo das lutas por memória e justiça racial. Pela primeira vez, o Memorial Zumbi dos Palmares e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) foram objeto de apresentação e debate no Simpósio Nacional de História. A apresentação foi realizada pelo pesquisador Danilo Marques, que mostrou a importância dos 45 anos de trajetória do memorial como espaço de resistência, educação e produção de conhecimento afro-brasileiro em Alagoas.
A participação da Universidade também se estendeu ao lançamento de livros, reforçando a relevância das produções locais nos debates nacionais. Foram lançadas as obras Povos indígenas no Brasil republicano: por uma outra narrativa da História, de Michelle Reis de Macedo; Pacto de silêncio: o golpe de 1964, a ditadura e a transição em Alagoas (2 volumes), de Anderson da Silva Almeida e Marcelo Góes Tavares; (In)Desejáveis: LGBTQIA+ e feminismo na imprensa de Alagoas (século XX), de Elias Ferreira Veras (Ufal) e Roberta dos Santos Sodó (UFSC); Experiências de ensino em História da África, cultura afro-brasileira e relações étnico-raciais no Nordeste do Brasil, organizado por Danilo Luiz Marques (Ufal) e Luana Teixeira (UFRPE); e A ditadura fora do eixo: uma viagem pelo Brasil autoritário (1964–1985), com coautoria de Anderson da Silva Almeida (Ufal), entre outros pesquisadores
“Participar de um evento de caráter nacional com apoio da Fapeal [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas] e lançarmos livros publicados por nossa editora é contribuir para a circulação dos saberes produzidos em nossa universidade e levar as pesquisas de Alagoas a outros centros que pensam educação, ciência, práticas culturais e agências políticas de forma plural e coletiva com foco na ação prática”, destacou o professor Anderson da Silva Almeida, coordenador do Coletivo Viramundo.