Professora Eliane Campesatto é a entrevistada desta semana do Ufal e Sociedade
Farmacologista esclarece sobre a cloroquina e riscos da automedicação
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O aumento de óbitos por conta da pandemia de coronavírus levou muitas pessoas a pesquisar na internet sobre receitas e medicamentos para tentar evitar a doença. Mas a automedicação pode ser tão perigosa quanto à infecção por covid 19. Por isso, o programa Ufal e Sociedade entrevistou a farmacologista Eliane Campesatto, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS). Ela esclareceu dúvidas sobre as medicações que estão sendo usadas no tratamento dos infectados.
A pesquisadora também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Clínica, regional Alagoas, e membro do grupo de trabalho de Saúde Pública do Conselho Federal de Farmácia. Ela explicou o que é a cloroquina, substância que está sendo apresentada como possível cura para a covid 19. “A Cloroquina é usada já há muito tempo no tratamento da malária e de doenças autoimunes, mas a sua eficácia ainda está sendo testada para o coronavírus”, ponderou Eliane.
Segundo a professora, a capacidade viral da cloroquina já foi comprovada desde a década de 1960, e já está sendo testada para a influenza, a zika, e o sars. “São testes in vitro, em células isoladas, e alguns pesquisadores já publicaram estudos iniciais sobre o efeito contra a covid 19. Mas leva tempo para saber o quanto o tratamento é efetivo nas pessoas, qual a dosagem e quais os efeitos colaterais. Não é recomendável propagar o medicamento antes de estudos mais aprofundados”, ressaltou.
Eliane Campesatto informou, durante a entrevista, sobre os ensaios que estão sendo realizados por pesquisadores de vários países para estabelecer se o tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina é viável. “Temos mais de 30 ensaios clínicos em andamento com hidroxicloroquina e mais de 70 ensaios com outros medicamentos e estamos esperando que essas pesquisas tragam uma resposta definitiva, cientificamente, sobre qual medicamento é efetivo e seguro para os pacientes”, enfatiza a pesquisadora.
A professora alerta para o perigo da automedicação, que pode trazer efeitos colaterais graves. “As pessoas procuram alívio rápido, mas tem que pensar nos riscos a que estão se expondo. Nenhum medicamento deve ser utilizado sem prescrição e acompanhamento médico. Existe sempre a possibilidade de dependência química, intoxicação e até mesmo a morte. Infelizmente, 77% dos brasileiros são habituados a se automedicar”, crítica Eliane.
Para saber as orientações da pesquisadora para fortalecer o sistema imunológico e se prevenir neste período de distanciamento social, ouça a entrevista no podcast da Rádio Ufal. A professora Eliane Campesatto também vai participar de uma conversa ao vivo transmitida pelo perfil da Ufal no Instagram, na quarta-feira (15), às 11 h.