Projeto Zumbido desenvolve atividades com famílias em vulnerabilidade social
Uma das ações sociais foi a distribuição de cestas básicas em comunidades rurais de Alagoas no contexto da pandemia
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Com a pandemia causada pela covid-19, a realidade de vulnerabilidade social em que vivem muitas famílias e comunidades rurais em Alagoas ficou ainda mais evidente. Devido a necessidade de isolamento social, a rotina destas pessoas assim como a de projetos solidários foi alterada, mas as ações de apoio às famílias se tornaram ainda mais importantes.
Com o propósito de aliviar as necessidades do momento atual das famílias dos assentamentos rurais na Zona da Mata alagoana, o projeto Zumbido da Universidade Federal de Alagoas, em parceria com o Instituto Mundo Unido e o apoio da Fundação Banco do Brasil realizaram ação solidária com a distribuição de cestas básicas e kits de higiene.
A ação emergencial, realizada em junho, contou ainda com a Faculdade de Serviço Social e a Gerência de Transportes da Ufal. Com ela, foram beneficiadas 135 famílias além de produtores locais, já que os alimentos perecíveis fornecidos foram advindos dos pequenos comerciantes urbanos e dos pequenos agricultores das comunidades assistidas, coligados a Associação de Produtoras Agroecológicas da Zona da Mata de Alagoas (Aproagro), contribuindo assim com a sobrevivência dos pequenos negócios. As entregas foram realizadas nas comunidades Bota Velha, Cruzinha e Dom Hélder Câmara, situados na área rural de Murici e Flor do Bosque e Bititinga, situados na área rural de Messias.
A distribuição dos kits seguiu as orientações sanitárias e de saúde pública, com o uso de equipamentos de proteção individual para o contexto da pandemia. A ação foi preparada com cerca de um mês de antecedência, por meio de reuniões virtuais com as lideranças locais para o levantamento das famílias mais necessitadas, organização das cestas básicas e logística de entrega, além da preparação do projeto conforme o edital da Fundação Banco do Brasil.
Por meio deste edital, foi investido mais de R$ 16 mil reais para aquisição de alimentos não perecíveis e perecíveis, produtos de higiene e itens de proteção individual exclusiva para a equipe de manejo e distribuição das cestas.
Este projeto de ação social foi lançado pelo Instituto Mundo Unido (IMU), uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Maceió, que colabora com a sustentabilidade das comunidades rurais da Zona da Mata de Alagoas em situação de vulnerabilidade e com a melhoria da qualidade de vida integral e da autonomia econômica das famílias camponesas em harmonia com os recursos naturais.
Projeto Zumbido
Ações de voluntariado e de assistência sempre foram praticadas pelo projeto Zumbido, da Faculdade de Serviço Social (FSSO), que existe há 20 anos e surgiu devido a uma pesquisa de mestrado sobre a situação de pobreza do município de Branquinha e alternativas de superação a partir dos princípios do desenvolvimento sustentável e da experiência da Economia de Comunhão, vivenciada no âmbito do Movimento dos Focolares.
Além de ações solidárias, o projeto desenvolve atividades de incentivo ao cultivo agroecológico, oficinas de Economia de Comunhão, capacitações em associativismo e gestão de pequenos negócios, entre outros.
De acordo com a arquiteta Cristina de Souza Lira Gameleira, coordenadora do projeto, o objetivo do grupo é desencadear uma experiência-laboratório de transformação social que demonstre aos gestores públicos da região que é possível romper o cenário de pobreza por meio da incorporação de princípios de solidariedade nas estratégias de desenvolvimento local.
“Desde a juventude, vivencio experiências que demonstram que é possível um mundo unido e sem pobreza. Atuamos em pobres comunidades rurais tendo por base de atuação a formação humana em vista da autonomia socioeconômica integral” comenta. A área pioneira da atuação do Zumbido é o assentamento Zumbi dos Palmares. Lá, atualmente, existe uma associação de mulheres camponesas (Aproagro), que contou com o apoio do projeto para constituição.
As ações foram expandidas para outras comunidades, como o assentamento Dom Hélder, em Murici e o assentamento Flor do Bosque, em Messias. Desde 2018, o projeto também realiza visitas às comunidades dos acampamentos Bota Velha, Cruzinha e Mumbuca, em Murici.
“São diversas famílias vivendo sem instalações sanitárias, sem o mínimo de dignidade. São degradantes situações que demonstram que o atual modelo de desenvolvimento de base agrária, latifundiária e concentradora de renda é geradora de pobreza e miséria, portanto, é insustentável. Sobre os ombros dos gestores públicos e empresários da região pesam grande responsabilidade em vista do urgente resgate da dignidade humana dessas populações. As ajudas emergenciais e repasse de verbas governamentais são necessárias, mas não resolvem o problema. São necessários projetos de longo prazo de desenvolvimento local a partir das potencialidades das comunidades agrárias” descreve Cristina de Souza.
Segundo ela, a experiência no assentamento Zumbi dos Palmares demonstra que, para haver resultados efetivos, o trabalho em equipe deve ser persistente. “O trabalho também deve ser contínuo a ponto “da criança caminhar com as próprias pernas”, como é o caso da Aproagro, atualmente uma associação de referência na região. Em termos comparativos, esse acompanhamento não consiste em “dar o peixe”, nem “ensinar a pescar”, mas consiste em “pescar juntos”” relata.
O acompanhamento às comunidades acontecem com viagens mensais aos locais assistidos, analisando as necessidades, partilhando os avanços e dificuldades e conhecendo melhor a dinâmica rural onde cada cidadão vive. Neste momento de pandemia, o projeto mantém contato com os líderes locais de forma virtual através das mídias sociais.
“Há situações de carências que são emergenciais e são sanadas por uma rede de pessoas voluntárias, que partilham não só objetos e alimentos, mas os próprios talentos, através de minicursos de artesanato e capacitações em agroecologia. Já os processos de geração de renda partem das demandas da comunidade e são possíveis através de projetos socioeconômicos, por meio de editais” explica a arquiteta.
A equipe do projeto é multidisciplinar e utiliza as habilidades dos integrantes em prol da inclusão social das comunidades assistidas. Durante os anos de execução, o Zumbido recebeu a contribuição e apoio de diversos professores e alunos bolsistas de várias unidades acadêmicas da Ufal: curso de Agroecologia, Faculdade de Nutrição por meio do Projeto Colhendo Bons Frutos, cursos de Jornalismo e de Engenharia de Computação. Há também o apoio do voluntariado de membros do Instituto Mundo Unido e do Movimento dos Focolares.