Pesquisadora integra Comitê Executivo da Rede Brasileira Mulheres Cientistas
Luciana Santana está engajada no grupo que vai debater a condição das mulheres brasileiras na pandemia
- Atualizado em
Diana Monteiro – jornalista
A Rede Brasileira Mulheres Cientistas, lançada em abril passado, conta com a participação da professora Luciana Santana, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade Federal de Alagoas em seu Comitê Executivo. Criada para promover debate público sob a condição das mulheres brasileiras na pandemia da covid-19, a Rede nasceu a partir da mobilização de mais de três mil cientistas do país que assinaram um documento denominado de Carta de Lançamento, contendo, principalmente, propostas para debate público em torno de seis grandes temas visando à implementação de políticas públicas.
Saúde, Violência, Educação, Assistência Social e Segurança Alimentar, Trabalho e Emprego, Moradia e Mobilidade são os temas propostos na carta em defesa da vida das mulheres na pandemia, na qual as pesquisadoras além do acúmulo de conhecimento, têm produção altamente qualificada e experiências em torno dos respectivos temas. O que a Rede Brasileira Mulheres Cientistas busca é promover o debate público conectado com as necessidades cotidianas das mulheres brasileiras.
Mestre e doutora em Ciência Política, atualmente a professora Luciana coordena o Projeto Governos Estaduais e ações de enfrentamento da pandemia de covid-19, que reúne mais de 40 pesquisadoras e foi convidada para compor o Comitê Executivo da Rede Brasileira junto com outras 27 pesquisadoras de diferentes áreas de conhecimento e de diversas universidades. Sobre a dinâmica do trabalho a ser empreendido, ela destaca:
“Buscaremos atuar em parcerias para impulsionar políticas públicas voltadas às mulheres. Também é nosso propósito levar essa pauta para o centro do debate público para uma abordagem integrada em torno das necessidades cotidianas das mulheres. Dentre outros propósitos, a Rede Mulheres Brasileiras, inclusive, está buscando colaborar com a CPI da Covid, em andamento no Senado Federal”.
Ela complementa, dizendo que foram elaboradas pela Rede quatro notas técnicas que tratam sobre mortes de gestantes e puérperas por covid-19; mulheres, profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS); a ausência de uma política nacional de testagem; e vacinação de covid-19 no Brasil. Confira aqui as notas técnicas;
Ao destacar que, mesmo as mulheres pesquisadoras tendo uma atuação de importância na produção científica, nem sempre há reconhecimento, Luciana reforça que é exatamente o conhecimento acumulado ao longo de uma vida dedicada à ciência, em diferentes áreas do conhecimento, que proporciona, de forma estratégica, a implementação de políticas específicas voltadas ao universo feminino. A professora aproveita para lembrar que é ainda muito baixa a representação de mulheres nos cargos legislativos.
Sobre os desafios a serem enfrentados na ampla frente de trabalho proposta pela Rede, Luciana diz: “Sabemos que obstáculos existem, mas a criação da Rede é uma forma de driblar várias dificuldades que já lidamos rotineiramente, seja na academia ou mesmo no âmbito privado. Nossa proposta visa a atuação junto a gestores públicos, com ampliação de diálogo com autoridades públicas e difusão de experiências exitosas de auto-organização, especialmente periféricas, e de governos locais, nos diferentes territórios”.
Carta fortalece criação da Rede
A Rede Brasileira de Mulheres Cientistas conta atualmente com cerca de quatro mil pesquisadoras e, conforme Carta de Lançamento publicada, parte significativa das mortes, em razão da pandemia de covid-19, em curso, “foi provocada pela decisão do governo federal de afrontar a ciência e desprezar a vida da população brasileira, colocando em risco aqueles que tinham, por dever, proteger. O agravamento das condições sociais, econômicas e psíquicas decorrentes da ausência de políticas públicas adequadas para a contenção da doença tem esgarçado o tecido social e lançado milhares de brasileiros e brasileiras à própria sorte”, abordou a Carta.
O documento também destaca: “A situação atinge ,de forma mais dramática, as populações vulneráveis, em especial as mulheres. Sobre elas recai o trabalho do cuidado em relação às crianças, idosos e enfermos, muitas vezes na condição de chefes de família. Muitas delas tiveram que abandonar seus empregos para se dedicar, exclusivamente, às suas famílias, enquanto outras viram se agravar a precarização que acompanha, na maioria dos casos, sua inserção no mercado de trabalho. Além disso, tem sido abundantemente noticiado o agravamento dos casos de violência doméstica e política contras as mulheres”.
Sobre a participação de mulheres cientistas na Rede, no âmbito local, Luciana Santana disse que outras pesquisadoras da Ufal já estão engajadas na desafiante e positiva frente de trabalho. “Assim que começamos a divulgação, convidei outras pesquisadoras e várias já estão fazendo parte. Toda pesquisadora que se alinhe às propostas da nossa Rede será bem-vinda. Gostaria de aproveitar a oportunidade de estender o convite a outras pesquisadoras, sejam doutoras, mestres ou estudantes da pós-graduação da Universidade Federal de Alagoas. Nosso objetivo é estar ao lado de mais pesquisadoras comprometidas com o desenvolvimento de políticas públicas que melhorem a vida das mulheres”.
Mais informações sobre propostas de atuação da Rede neste site. Também nas redes sociais: Instragram, Twitter e Youtube.