Pesquisadores participam de reunião da comunidade afetada pela mineração
Moradores isolados querem ser incluídos no plano de remoção da Braskem
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No último sábado (23), moradores das comunidades do Flexal de Cima, Flexal de Baixo e rua Marquês de Abrantes, no bairro de Bebedouro, participaram de uma plenária organizada pelo Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (Muvb), em uma tenda montada em frente ao Parque da Lagoa. A reunião contou com a presença de parlamentares municipais e estaduais e representantes da Prefeitura de Maceió.
Na ocasião, a comissão formada por moradores apresentou a inspeção feita nos imóveis e os dados técnicos para fundamentar a reivindicação de que essas comunidades sejam incluídas no plano de remoção e indenizações da Braskem, em função do afundamento dos bairros, provocado pela subsidência dos poços de mineração de sal-gema.
Desde o ano passado, a Defesa Civil considerou essas áreas em situação de ilhamento socioeconômico, já que a evacuação dos arredores deixou essas comunidades sem equipamentos como escolas, postos de saúde, comércio de bairro. “Estamos aqui numa cidade fantasma, sem segurança e sem assistência”, reclamou a moradora Joseane Amâncio.
O levantamento feito pelos moradores tem o objetivo de comprovar que as casas onde vivem não estão apenas numa área abandonada, mas também apresentam rachaduras que indicam o afundamento avançando nessas localidades. “Com o trabalho feito pela comissão, a Braskem não poderá dizer que não temos argumentos técnicos para exigir a nossa remoção”, ressaltou Neirevane Nunes, do Muvb.
Como têm feito desde o início da denúncia das rachaduras, em 2018, alguns pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) participaram da reunião e colaboraram com dados técnicos, baseados em pesquisas na região. O engenheiro Abel Galindo, professor aposentado da Ufal, apresentou a área de risco para subsidência que inclui parte da rua Marquês de Abrantes e os Flexais.
A professora Regla Toujaguez, do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca) expôs um levantamento feito sobre a Laguna Mundaú. “Temos problemas com agrotóxicos, derramamento de esgotos não tratados, de origem industrial e doméstica. E nos preocupa muito a grande quantidade de metais pesados, que nesses níveis elevados podem causar doenças cancerígenas", disse a pesquisadora.
Por vídeo, Emerson Soares reforçou a necessidade de monitoramento da área. “É preciso identificar a fonte dos solventes industriais que estão sendo lançados na Laguna, elevando de forma alarmante os metais pesados. Uma atenção especial tem que ser dada a essa questão, porque essas comunidades que vivem às margens da Laguna correm um risco alto ao se alimentarem dos peixes e moluscos contaminados”, alertou o pesquisador.