Projeto da Fale em Linguística está entre os aprovados sem restrição pelo CNPq

Coordenado pelo professor Miguel Oliveira Júnior, da Faculdade de Letras, o projeto está entre os dois da área aprovados sem restrições

Por Diana Monteiro - jornalista
- Atualizado em
Professor Miguel e equipe de estudantes que integram o Fonufal
Professor Miguel e equipe de estudantes que integram o Fonufal

Os relevantes estudos desenvolvidos pela Faculdade de Letras (Fale) projetam, mais uma vez, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no cenário nacional. No dia 19 deste mês foi divulgada a aprovação do projeto Processamento de fronteiras prosódicas no discurso, na concorrida Chamada 26/2021 de Apoio à Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação: Bolsas no Exterior. O projeto da Ufal ficou entre os dois do país, na área de Linguística, aprovados sem restrições pelo CNPq.

O concorrido edital contou com a inscrição total de 2.036 propostas, mas apenas 13% delas foram aprovados sem restrições, a exemplo do projeto da instituição alagoana, que tem a coordenação do professor da Fale, Miguel Oliveira Júnior, doutor em Linguística. Miguel coordena na Fale o Laboratório de Fonética e Fonologia (Fonufal) e o Laboratório de Pesquisa da Linguagem, do Cérebro e do Comportamento Humano (Lapelc²). Este laboratório oferece suporte para a realização de pesquisas nas áreas de psicolinguística e neolinguística.

Sobre o projeto recentemente aprovado na Chamada do CNPq, que destinará R$ 140 mil reais de investimento para ampliação das atividades do grupo de estudos Fonufal, o professor Miguel aproveita para explicar a abrangência do estudo proposto:

“Quando escrevemos um texto, utilizamos a pontuação e outros recursos gráficos, como a paragrafação e a divisão do texto em seções ou capítulos, para agrupar algumas informações e separar outras. Ao fazer isso, evidenciamos para o leitor a estrutura do texto, o que facilita a sua leitura e, por consequência, a sua compreensão. Na fala, fazemos uso da mesma estratégia, utilizando outros recursos para indicar a estrutura do discurso. Em geral, fazemos uso da pausa, da entoação, da velocidade de fala e de gestos, quando possível, para separar uma informação de outra. Esse conjunto de fenômenos acústicos e visuais recebe, em linguística, o nome de prosódia”.

O professor Miguel acrescenta que estudos mostram que de fato é feito o uso frequente da prosódia na fala para agrupar e separar informações, mas ainda se sabe muito pouco acerca de como exatamente esses vários elementos prosódicos são percebidos. “O projeto Processamento de Fronteiras Prosódicas no Discurso propõe estudar como ouvintes fazem uso das informações prosódicas na percepção da estrutura do discurso falado. Para isso, aplicará técnicas experimentais que registram respostas cerebrais e oculares dos participantes enquanto narrativas gravadas a partir de conversas espontâneas”, destacou.

Segundo o pesquisador, de posse das informações obtidas, será possível desenvolver ferramentas que detectam, automaticamente, e de maneira bastante eficiente, as várias partes do discurso falado no dia a dia. O que é bastante vantajoso para inúmeras aplicações tecnológicas, como por exemplo, para o desenvolvimento de aplicativos que pontuem adequadamente o texto falado ou, para citar outro exemplo, enfatiza Miguel, “que identifiquem se alunos em processo de aprendizagem de leitura têm fluência desejada ou não”.

O estudo em desenvolvimento, sob a coordenação do pesquisador da Ufal, é um projeto multidisciplinar, proposto por uma equipe interinstitucional, que abrange diferentes regiões do Brasil e três outros países. A equipe brasileira é composta por sete pesquisadores de três regiões geográficas e cinco diferentes instituições de ensino superior. Além da Ufal, as universidades federais do Pará (UFPA), de Minas Gerais (UFMG), e as estaduais de São Paulo, Unesp e USP. Cinco dos participantes são pesquisadores de produtividade do CNPq, a exemplo do professor Miguel Oliveira.

Já os pesquisadores estrangeiros envolvidos no projeto estão vinculados às seguintes instituições: University College London (Inglaterra), Università di Firenze e Università Federico II di Napoli (Itália). Miguel revela que a parceria entre os pesquisadores é uma importante colaboração ao fortalecimento da internacionalização da Ufal. O recurso oriundo do CNPq está previsto para ser implementado ainda este semestre. Para conhecer a equipe acessar este link.

Excelência acadêmica

Sobre as atividades desenvolvidas pelo Fonufal, o professor Miguel Oliveira destaca que, além dos pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas e de outras Instituições de Ensino Superior (IES), conta também com a colaboração de alunos de graduação, mestrado e doutorado, assim como, de pós-doutoramento.

“Alunos da graduação têm regularmente recebido prêmio de Excelência Acadêmica pelos trabalhos realizados no âmbito da iniciação científica com apresentação, inclusive, de resultados de suas pesquisas nas reuniões anuais da SBPC”, disse, completando: “Na última edição do evento um dos premiados foi o aluno Arthur Terto”.

O pesquisador destaca que os membros do grupo de estudos são responsáveis pela coordenação de dois laboratórios multiusuários da Ufal, que é o Laboratório Fonufal e o Lapelc². Os associados ao segundo laboratório desenvolvem pesquisas empíricas baseadas em medidas comportamentais e neurais. Aí estão incluídos o rastreamento ocular [para cômputo de fixações, sacadas e diâmetro de pupila] e o registro de potenciais relacionados ao evento (ERPS).

O objetivo fundamental dos estudos do Lapelc² é descrever mecanismos que permitem aos seres humanos compreender e produzir a linguagem em tempo real e em cooperação com outros sistemas cognitivos. Mais informações pelo link.

Formação qualificada

A Faculdade de Letras da Ufal busca atender a demanda da sociedade com visão ampliada para a pesquisa e a extensão, com formação qualificada. Localizada no Campus A.C. Simões, é responsável pela formação de docente de línguas e literaturas em Português, Espanhol, Francês, Inglês e Libras.

A unidade acadêmica abriga o programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura (PPGLL), o único dessa área na região Nordeste.