Ufal participa do maior evento internacional de inteligência artificial
Cientistas brasileiros atuaram no comitê organizador da conferência, realizada em Durham, no Reino Unido, além de apresentarem trabalhos
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Quais contribuições a inteligência artificial pode trazer para a educação no futuro? Como lidar com os dilemas éticos que surgem quando ferramentas de inteligência artificial são empregadas para analisar dados educacionais? Como aproximar o meio acadêmico das empresas e organizações sem fins lucrativos que atuam no ecossistema educacional? Questões complexas como essas foram debatidas durante a 23a Conferência Internacional em Inteligência Artificial na Educação, o maior evento internacional da área, realizado de 27 a 31 de julho em Durham, no Reino Unido.
“Constatei na conferência que poucos projetos na área de inteligência artificial na educação conseguem desenvolver o ciclo da pesquisa e aplicar os resultados, na prática, de forma tão rápida como a gente faz”, disse Diego Dermeval Medeiros da Cunha Matos, que é vice-diretor do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Professor da Faculdade de Medicina (Famed) da Ufal, Diego foi um dos líderes de uma nova frente do evento: a trilha de praticantes, destinada a estimular a participação de não acadêmicos. A proposta da trilha é aproximar o universo científico das demais pessoas que fazem parte do ecossistema educacional: profissionais que atuam em empresas, professores, estudantes, gestores e responsáveis pela elaboração de políticas públicas. “Quando a gente consegue trazer o trabalho da pesquisa acadêmica para o contexto mais prático e aplicado, as pessoas são realmente capazes de enxergar a utilidade da ciência. É nessa linha que o Nees atua, temos hoje diversos trabalhos que aplicam ferramentas de inteligência artificial no contexto educacional”, completou.
Neste primeiro ano da trilha de praticantes, houve duas sessões em que foram apresentados dez trabalhos. A iniciativa foi organizada pelo brasileiro em parceria com a norte-americana Jeanine DeFalco, da empresa Medidata Solutions, e de mais dois integrantes do Centro de Pesquisa Alemão para Inteligência Artificial (DFKI): Berit Blanc e Insa Reichow.
Além disso, mais cinco pesquisadores do Nees participaram da Conferência: Leonardo Brandão Marques, do Centro de Educação da Ufal; Elaine Harada Teixeira de Oliveira, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); Isabela Gasparini, professora da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); e Seiji Isotani, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e professor visitante da Universidade de Harvard.
Membro do comitê executivo da Sociedade Internacional de Inteligência Artificial na Educação ― International Artificial Intelligence in Education Society (IAIED)―, instituição que organiza a Conferência, o professor Seiji foi um dos coordenadores do evento na área de diversidade e inclusão, da qual também fizeram parte Eric Walker e Rod Roscoe, ambos da Universidade do Estado do Arizona, dos Estados Unidos.
“Em uma das discussões que surgiram na Conferência, destacou-se o quanto, durante a pandemia, houve uma ampliação no uso de tecnologias na educação, mas isso não significa que foram adotadas boas práticas de ensino”, explicou Seiji. “Quando disponibilizamos videoaulas e mais materiais on-line, na verdade, muitas vezes, o que estamos fazendo é pegando práticas que já não eram bem-sucedidas no ambiente presencial e tentando melhorá-las, mas pedagogicamente nada é aprimorado”, ressaltou o professor.
Para ele, o desafio agora é empregar as ferramentas de inteligência artificial para que as melhores práticas educacionais sejam adotadas tendo sempre o horizonte ético em mente, e não simplesmente adaptar o que já existe: “O que precisamos fazer é utilizar dados e evidências para repensar as nossas práticas, buscando construir uma aprendizagem mais ativa, e possibilitar que os alunos interajam com abordagens pedagógicas e recursos que de fato lhes ajudem a aprender mais e melhor.”