Comunidade Indígena Warao participa de celebração do Dia dos Povos Indígenas

O evento, realizado no Ceca, foi organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas

Por Lenilda Luna - jornalista
- Atualizado em

No dia 19 de abril, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), celebrou o Dia dos Povos Indígenas com evento realizado no Auditório Hamilton Soutinho.

A atividade contou com as presenças da diretora acadêmica, Rosa Cavalcante Lira; do coordenador geral do Neabi-Ufal, Danilo Marques; e da vice-coordenadora do Neabi-Ceca, Regla Toujaguez.

Os convidados de honra foram os indígenas da etnia Warao, originários da Venezuela, que foram acompanhados pelo assistente social Ilson Lourenço, membro da equipe técnica que atende a comunidade na cidade de Maceió. “Os povos da etnia Warao são conhecidos como povos das águas, em sua língua materna. Em busca de melhores condições de vida, imigraram em grupos para o Brasil”, explica a professora Regla.

Ilson Lourenço informou que a Casa de Ranquines, instituição que mantém o Projeto Casa de Acolhimento para Indígenas São Justino Jacobis, está abrigando a comunidade Warao em Alagoas. “Os Warao possuem idioma nativo, que é mantido entre eles aqui no Brasil, com o intuito de que os traços linguísticos não sejam perdidos e sejam mantidos pelas futuras gerações. A riqueza cultural deles é exaltada em forma de danças, cânticos e elementos artesanais”, relata o assistente social.

A Casa de Acolhimento conta com uma equipe técnica composta por assistentes sociais, psicólogo e antropólogo. “A instituição tem buscado preservar e promover a diversidade cultural e os direitos sociais deste povo. Algumas mediações foram feitas com o poder público para garantir a inserção dos indígenas em programas de transferência de renda, de assistência à saúde, matrícula das crianças na rede municipal de ensino, além da oferta de Educação de Jovens e Adultos e Idoso (EJAI) no município de Maceió”, relata o assistente social.

Na visita ao Ceca, nove representantes da comunidade indígena puderam apresentar, através de relatos, canções e danças, a história, beleza e sofrimento do povo Warao. “Dentre os problemas apresentados pelos representantes da comunidade indígena, um deles é conseguir fontes de sustento sem perder seu estilo de vida, devido ao medo de que se perca a cultura e o idioma nativo. Não falar o português também dificulta bastante a adaptação em Alagoas”, pontua a professora Regla.

Regla acredita que o apoio da Universidade pode contribuir para minimizar as barreiras que os Warao encontram para se estabelecer de maneira independente, principalmente economicamente. “Podemos ajudá-los a se adaptar ao seu novo local de convívio, sem perder seus costumes, ritos e arte”, propõe a coordenadora do Neabi-Ceca.

Políticas Afirmativas e povos indígenas

A atividade de celebração do Dia dos Povos Indígenas também foi uma oportunidade de refletir sobre as Ações Afirmativas da Ufal para garantir a maior inserção dos indígenas de Alagoas na Universidade. Os professores Danilo Marques e Rosa Lira enfatizaram a importância do censo, como parte de projeto aprovado em 2022, conduzido pelo Neabi, para a identificação dos números atuais de negros e indígenas atendidos pelo programa da Lei de cotas 12.711/2012 na Ufal.

Danilo Marques enfatizou que, embora o número de indígenas na Ufal tenha aumentado, principalmente nos campi do interior, no Ceca ainda é uma representação considerada pequena para a quantidade de indígenas da região. Regla reforçou essa avaliação, considerando que existe uma comunidade indígena, a Wassu Cocal, vivendo há 60 km do campus. “Inclusive pela relação que mantemos com essa comunidade, que é de projetos de Extensão”, ressalta Regla.

Segundo a vice-coordenadora do Neabi-Ceca, o projeto Solo vivo: resgate de saberes sobre a Agrobiodiversidade e a Geodiversidade em povos tradicionais de Alagoas objetiva compreender o porquê da baixíssima adesão de estudantes indígenas num campus como o CECA, cujas formações são tão próximas da essência indígena: o uso da terra para a agricultura.

O projeto é desenvolvido pela equipe de bolsistas do Neabi-Ceca: Bárbara Maria Lins Melo e Elanio Feitosa de Melo, com apoio dos professores: Marília Grugiki, Vanuze Costa, Jair Tenório, Saulo Luders e Gilson Moura. Os estudantes Elda Bonifácio, Aline Malta e Bruno Dario, são colaboradores.