Tim Rescala passeia pela evolução musical em palestra especial no Femupe
Compositor, arranjador e autor teatral promoveu, no palco do Teatro 7 de Setembro, uma reflexão sobre os caminhos da trilha sonora
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Autor de inúmeras trilhas sonoras, escritor de ópera infantil, que rendeu o primeiro CD do gênero no Brasil, e recentemente eleito para a Academia Brasileira de Música, Tim Rescala teve participação especial nesta quarta-feira (18) no Festival de Música de Penedo (Femupe). Com o tema Trilha Sonora e seus caminhos, o compositor, arranjador e autor teatral promoveu, no palco do Teatro 7 de Setembro, uma reflexão sobre a trajetória e o mercado musicais.
“O que é interessante de notar é que, logo depois que a música passou a ser considerada não só como música aplicada a alguma coisa, mas, também, como música pura e que se começou a cobrar ingresso, a gente vê que a música começou a alçar um outro patamar dentro do contexto social”, falou Rescala, ao fazer um panorama sobre a evolução da música.
Participando pela primeira vez do evento, o pianista disse estar encantado pela beleza da cidade e, também, pelo Festival, pela oportunidade de ter contato com experiências diferentes de música. “O mesmo passo é os músicos conhecerem a cidade, como eu, e ampliarem mais o seu contato com a Região Nordeste, porque, infelizmente, tudo fica muito restrito ao eixo Rio-São Paulo e às capitais, e a gente tem pouca oportunidade de conhecer outras manifestações culturais como, por exemplo, a apresentação das indígenas [numa menção ao Mulheres Plakiô], que é um tipo de abordagem musical que eu não conhecia em termos de cultura indígena”, destacou.
Do adolescente que queria ser compositor de música clássica, a vida foi encaminhando Tim Rescala para somar outros desafios, e, assim, ele abraçou a experiência cênica. Como já frequentava o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, pois seu pai era cantor do Coro do Municipal, sua mãe e seu irmão também eram cantores, tudo isso o influenciou no caminho sobre o conhecimento do que é cantar uma história e não simplesmente contar uma história, que é a linguagem da ópera. “Eu fui trabalhar no teatro como diretor musical, como pianista, e aí alguns diretores me viram fazendo esse trabalho em cena, começaram a me chamar para a televisão e eu fui ampliando cada vez mais. Então, mesmo eu tendo tido uma formação essencialmente musical, eu me transformei também em ator”, relembrou.
Uma destas facetas é música para o audiovisual, assunto da palestra no Festival. “Eu sou essencialmente um compositor que trabalha criando espetáculos, mas, quando eu tenho oportunidade de dar aulas ou de fazer palestras, é muito enriquecedor para mim porque me obriga, primeiro, a checar para ver se eu sei realmente aquilo que eu acho que eu sei, que as pessoas acham que eu sei, porque eu preciso preparar aquele material, aquele conteúdo”, avaliou, acrescentando que esse ato de preparar o material o obriga a repensar várias coisas, por isso, não tem dúvidas de que passar suas experiências nestas oportunidades é ensinar, mas também uma troca.
Sobre o recente ingresso como membro da Academia Brasileira de Música, Tim Rescala atribui como o reconhecimento de um trabalho, mas a aceitação refletiu a sua amizade com Edino Krieger, que ocupava a cadeira e por quem tinha admiração pessoal e profissional. “O sentido de eu ter concordado, aceitado a sugestão de me candidatar é, sobretudo, uma homenagem ao Edino Krieger. E entendo como uma oportunidade também para colaborar com a música brasileira no sentido geral, na valorização da música brasileira de compositores que estão lá, de profissionais da música, ou que já partiram, mas que têm a academia como uma referência e como uma forma de unir energias em prol da música brasileira”, afirmou.
A trajetória de Rescala é inspiração para os profissionais que atuam no segmento. Um deles é Luciano Alves, saxofonista. Natural de Maceió, acompanha o trabalho do compositor desde criança e veio prestigiar a palestra. “Estou querendo aprender um pouco com esse gênio, porque esse cara é muito criativo, muito bacana. Eu tenho um projeto que ainda não iniciei, mas eu quero aprender um pouco de arranjo e composição e, de repente, criar alguma coisa também”, disse, empolgado.
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