Museu Théo Brandão recebe encontro de leitores do Judiciário de Alagoas

Integrantes do “Clube do Livro Direito e Literatura” discutiram livro “A Cachorra”, da colombiana Pilar Quintana

Por Mauricio Santana - estudante de Jornalismo
Servidoras do Judiciário alagoano realizaram um debate sobre o livro “A Cachorra”, da escritora colombiana Pilar Quintana
Servidoras do Judiciário alagoano realizaram um debate sobre o livro “A Cachorra”, da escritora colombiana Pilar Quintana

Reunidas no pátio do Museu Théo Brandão (MTB), com um chapéu de guerreiro ornamentando o espaço, servidoras do Judiciário alagoano realizaram um debate sobre o livro “A Cachorra”, da escritora colombiana Pilar Quintana. A discussão foi promovida pelo Clube do Livro Direito e Literatura, projeto que tem por objetivo criar uma comunidade de leitores no Judiciário por meio de incentivo à leitura.

“A narrativa retrata principalmente questões a respeito da maternidade, mas também aborda diversas problemáticas enfrentadas por mulheres, principalmente as mulheres negras e periféricas. É uma leitura crua, visceral e bastante verdadeira”, afirmou Mirian Alves, bibliotecária do Judiciário e coordenadora do clube, a respeito da obra discutida.

O livro conta a história de Damaris, que desde muito cedo é marcada por tragédias e situações de violência. Movida por impulso, a protagonista decide adotar a cachorra da ninhada de uma vizinha, uma filhote com poucos dias de vida pela qual rapidamente se afeiçoa. Convivendo com a frustração e o julgamento alheio pelas tentativas frustradas de engravidar, Damaris constrói uma relação praticamente maternal com sua pequena companheira, mas a narrativa se desdobra em rumos repentinos e inesperados.

Durante o debate, a servidora Andrea Santa Rosa contou como a leitura a impactou e a fez refletir, além de criar paralelos entre a história do livro e a vida de tantas mulheres reais. “A gente que é mulher carrega o peso de precisar fazer tudo e ser boa em tudo. Ótima trabalhadora, mãe exemplar, excelente dona de casa e tudo isso sem reclamar. Se a gente falha em uma dessas coisas, é como se o resto não valesse de nada”, afirmou Andrea.

Concordando com sua colega de trabalho, a servidora Karinne Duarte complementou suas conclusões, afirmando que o peso desse julgamento é ainda mais doloroso quando parte de outras mulheres. Apesar disso, a integrante do clube disse ainda que decidiu seguir uma vida sem se importar com qualquer julgamento, apenas sendo ela mesma e não ultrapassando os próprios limites para agradar ninguém.

Ao final da reunião, todos os comentários foram voltados à satisfação de realizar o encontro no pátio do Museu Théo Brandão. O espaço foi palco de diversas fotos, risadas e muitas declarações a respeito do quanto pretendem realizar outros debates em um local tão agradável e, acima de tudo, tão simbólico para Alagoas.

Para a diretora do MTB, Hildênia Oliveira, a satisfação é mútua e o espaço estará sempre de portas abertas. “Aqui, na casa da gente alagoana, abraçamos todas as formas de cultura. Abraçamos o folclore, a educação, a moda, e agora há mais essa oportunidade de abraçar a literatura. Na medida do possível, estaremos sempre disponíveis para sediar esses momentos”, concluiu a museóloga.