Inclusão e acessibilidade: duas bandeiras defendidas pelo Circuito de Cinema
Ação coordenada pela professora Joseane dos Santos visa garantir que os participantes consigam acompanhar as atividades oferecidas pelo evento
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O Circuito Penedo de Cinema, realizado anualmente há 14 anos, tem se destacado por seu compromisso com a inclusão e a acessibilidade. Sob a coordenação de acessibilidade da professora Joseane dos Santos, o evento busca garantir que todos os participantes, independentemente de suas condições físicas ou sensoriais, tenham acesso pleno às atividades culturais oferecidas.
Segundo a coordenadora, a acessibilidade no Circuito Penedo de Cinema democratiza a cultura. “Ela permite que qualquer pessoa participe do evento, especialmente aquelas que são frequentemente marginalizadas, como pessoas com deficiência ou idosos com dificuldades de locomoção. A inclusão permite que toda a família esteja presente em momentos culturais e de lazer” disse ela. A professora ressaltou que o esforço não beneficia apenas as Pessoas com Deficiência (PcDs), mas também cria um ambiente inclusivo para toda a sociedade. A acessibilidade arquitetônica, a presença de intérpretes de Libras e outros recursos transformam o Circuito em um espaço acolhedor. Além disso, a participação de pessoas com deficiência inspira outros profissionais da área cinematográfica a adotarem práticas mais inclusivas.
“Recebemos pessoas de diferentes regiões do Brasil e de outros festivais. Quando veem a acessibilidade em ação e percebem a participação de pessoas com deficiência, muitos se sensibilizam. Isso gera um impacto positivo para que mais eventos culturais se tornem acessíveis”, comentou Joseane.
A importância dos intérpretes de libras
A presença de intérpretes de Libras é um dos pilares da acessibilidade no Circuito. Joseane reforçou que, sem a interpretação, muitas pessoas surdas não conseguiriam compreender os conteúdos dos filmes. E mencionou, por exemplo, um casal surdo que participa ativamente do evento e assiste a todas as mostras disponíveis com acessibilidade.
“Eles costumam dizer que é uma oportunidade única de entender realmente os filmes. Mesmo que os filmes tenham legendas, elas não são suficientes, pois estão em língua portuguesa, enquanto eles se comunicam por língua de sinais. Para eles, é como assistir a um filme em inglês com legendas em espanhol – a mensagem não chega de forma completa” disse a professora.
Além disso, a equipe de produção do evento faz questão de divulgar amplamente a existência de recursos acessíveis, por meio de vídeos, sites e panfletos. Isso atrai não apenas Pessoas com Deficiência, mas também seus familiares e amigos, ampliando o alcance do evento.
Uma trajetória de sensibilização e avanços
Desde 2015, quando foi convidada para integrar a curadoria, a professora Joseane tem trabalhado para inserir a acessibilidade como parte essencial do Circuito Penedo de Cinema. Embora ainda haja muito a ser feito, ela acredita que os avanços são significativos: “Foi um trabalho de sensibilização com a equipe, e hoje já temos uma estrutura fluindo bem. A cada ano, buscamos melhorar e ampliar os recursos acessíveis”, recordou.
O esforço conjunto entre coordenadores, produtores e a equipe de intérpretes tem gerado resultados positivos, recebendo elogios de participantes com e sem deficiência. Além disso, professores que levam alunos com deficiência ao evento destacam frequentemente a relevância dessa inclusão.
Um futuro mais inclusivo
A presença de pessoas com deficiência nos eventos do Circuito demonstra a força do trabalho de inclusão. “A acessibilidade é para todos, não se limita à pessoa com deficiência. Trabalhamos com a perspectiva de inclusão universal, independentemente de limitações físicas, deficiências, raça ou cor”, finalizou a professora Joseane, reafirmando o papel transformador da cultura, o que torna o Circuito Penedo de Cinema um modelo para outros festivais em todo o país.
Sobre o Circuito
O Circuito Penedo de Cinema será realizado até o domingo, dia 1º, pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pelo governo de Alagoas por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas (Secult-AL) e pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS).
Além disso, o evento tem patrocínio do Banco do Nordeste, Ministério da Cultura e governo federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Prefeitura de Penedo, do Sebrae, Instituto do Meio Ambiente (IMA-AL), Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), e apoio da Mistika, Super Connect, Infograf, Partiu Penedo e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).