Ufal e Sociedade entrevista a professora Jamile Ferro, sobre a nutrição como um ato político

O programa "Ufal e Sociedade", da Rádio Web, traz nesta segunda-feira (24), a partir das 11h, uma entrevista com Jamile Ferro, que é coordenadora do curso de Nutrição da Ufal e integrante do Movimento Olga Benário em Alagoas. No episódio, serão discutidas algumas questões como: O que verdadeiramente é nutrição? Quais são as políticas públicas que garantem o direito à alimentação adequada? Qual é a situação da segurança alimentar em Alagoas?

Para a professora, a nutrição não pode ser vista de forma isolada. Ela defende um olhar transversal sobre a alimentação, considerando as condições sociais e econômicas que impactam diretamente a vida da população. "Não adianta falarmos sobre a dieta de um paciente em um ambulatório se ele não tem condições socioeconômicas para seguir essa orientação. A equidade, a acessibilidade e a inclusão devem estar no centro do debate", afirma.

Jamile também destaca que as políticas públicas desempenham um papel fundamental no combate à fome e na promoção de uma alimentação saudável. Segundo ela, o fortalecimento da agricultura familiar e o trabalho dos conselhos e conferências de segurança alimentar são caminhos essenciais para garantir o acesso a alimentos de qualidade. "Se analisarmos a cesta básica ofertada por algumas políticas governamentais, vemos um grande número de produtos ultraprocessados. Quem está decidindo isso? Quem se beneficia? Precisamos questionar e cobrar da sociedade mudanças efetivas", ressalta.

Outro ponto discutido na entrevista foi o impacto da tragédia ambiental causada pela Braskem em Maceió, que agravou ainda mais a insegurança alimentar na capital. "Muitas famílias que já estavam em situação de vulnerabilidade tiveram suas condições ainda mais precarizadas com o deslocamento forçado e a perda de suas fontes de sustento", pontua.

Além de sua atuação acadêmica, Jamile Ferro também integra o Movimento Olga Benário, que em Alagoas conta com um núcleo dentro da Ufal, envolvendo técnicas, estudantes e professoras. O movimento é voltado para o combate à desigualdade de gênero e promove ações e estudos sobre a relação entre nutrição e a luta das mulheres. "A insegurança alimentar afeta principalmente mulheres chefes de família, negras, quilombolas e indígenas. São essas mulheres que sustentam suas casas, que precisam garantir a alimentação dos filhos e que sentem, de forma mais cruel, os efeitos das desigualdades", explica.

A luta contra a gordofobia também foi um dos temas abordados na entrevista. Jamile alertou sobre o impacto dos padrões estéticos na saúde mental das mulheres e a relação entre distúrbios alimentares e a pressão social por corpos considerados "perfeitos". "Quantas mulheres adoecem por conta dessa pressão estética? O movimento ajuda a se libertar dessas imposições, a aceitar seus corpos e a desenvolver autoestima", conclui.

Ficha técnica do programa Ufal e Sociedade

Operador de áudio: Helder Melo

Direção técnica: Edilberto Sandes (Brother)

Locução: Lenilda Luna

Produção: Cecília Calado