Independência do Brasil e soberania nacional são temas do Ufal e Sociedade

Historiador e pedagogo, Jailton Lira analisa as contradições do processo de 1822, a exclusão das camadas populares e a atual disputa pelos símbolos nacionais

Por Cecília Calado – estudante de Jornalismo (Ascom Ufal)
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No domingo, 7 de setembro, é celebrado o Dia da Independência do Brasil e, para marcar a data, o programa Ufal e Sociedade, da Rádio Ufal, recebe o pedagogo e historiador Jailton Lira, do Centro de Educação (Cedu) e do Programa de Pós-graduação em História. O episódio vai ao ar na segunda-feira (8), às 11h, com reprises às 17h e às 23h.

Na entrevista, Jailton Lira analisa o processo histórico que levou à emancipação política em 1822 e suas contradições sociais. Ele explica que, embora a independência tenha rompido formalmente com Portugal, manteve a estrutura econômica baseada na escravidão e nos privilégios das elites coloniais.

“A nossa independência foi muito conservadora, uma espécie de revolução feita por cima. Foi proclamada por um filho do Império Português e manteve as mesmas bases da economia, como o trabalho escravo, que só seria abolido 66 anos depois”, explicou.

O professor também comenta como o Brasil já nasceu endividado, pagando grandes somas a Portugal e à Inglaterra pelo reconhecimento da separação, e lembra que as camadas populares foram excluídas do processo. Ainda assim, resistências populares em várias regiões do país marcaram a luta por participação política.

“O mito de que o povo brasileiro é pacífico e assistiu a tudo inerte não corresponde aos fatos. Pernambuco, Bahia, Maranhão e Alagoas tiveram grandes levantes”, ressaltou. Outro ponto debatido é a apropriação dos símbolos nacionais por diferentes governos e movimentos políticos. Segundo Lira, bandeira e hino são utilizados, muitas vezes, de forma a reforçar uma ideia de Brasil excludente.

“Desde o império até a ditadura militar, sempre houve a tentativa de se apropriar do hino e da bandeira como se pertencessem apenas a uma parte do país. Hoje, setores de extrema direita repetem esse movimento, associando símbolos nacionais a uma elite branca e patriarcal, excluindo a diversidade do povo brasileiro”, avaliou.

A entrevista também aborda a atual disputa por soberania, marcada pela dívida pública e pelo avanço das privatizações. O historiador defende que compreender a Independência é essencial para refletir sobre os desafios de hoje. “A independência é um processo que continua. Nós temos a independência formal, como nós conversamos aqui, mas a independência econômica, a independência social, a emancipação da população trabalhadora ainda não aconteceu. Então essa população que está excluída de qualquer bem social, é preciso se integrar à dinâmica política do país e conjuntamente lutar por melhorias sociais e por inclusão social”, concluiu.

Além da exibição desta segunda-feira, você pode ouvir o episódio também às 17h e às 23h, com reprises de terça a sábado nos mesmos horários. O conteúdo ficará disponível em formato de podcast no site da Rádio Ufal e na sua plataforma de áudio favorita.

Ficha técnica do programa Ufal e Sociedade

Operador de áudio: Helder Melo
Direção técnica: Edilberto Sandes (Brother)
Locução: Lenilda Luna
Produção: Cecília Calado