Aluno da Ufal divulga a meteorologia nas escolas públicas
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O estudante do quarto período do curso de meteorologia da Ufal, Edizânio José, está desenvolvendo projeto de popularização das ciências meteorológicas. A pesquisa, intitulada de "A Meteorologia mais perto de você", fornece aos estudantes das escolas estaduais a oportunidade de conhecer os trabalhos desenvolvidos no Sistema de Radar Meteorológico de Alagoas (Sirmal), além de aproximar os estudos meteorológicos do cotidiano dos estudantes.
O projeto já visitou 7 escolas da rede estadual de Maceió, por meio de parcerias estabelecidas entre o bolsista e os professores de geografia nos intervalos das aulas. O alunado participou de palestras que mostraram a importância da meteorologia no envolvimento sócio-econômico do país. A ciência auxilia principalmente a agricultura com previsões climáticas de futuras safras. Por exemplo, nas cidades como Maceió, os fenômenos meteorológicos mais críticos acabam definindo a qualidade ambiental a qual está sujeita a população.
Após a apresentação, foi aplicado um questionário com 12 perguntas para avaliar o conhecimento estudantil em relação aos diversos temas trabalhados como: previsão do tempo, fenômenos climáticos e os serviços prestados pela Sirmal. Segundo Edizânio os resultados não foram bons, mas até certo ponto esperados. "Isso reflete o fato da população alagoana ainda desconhecer a importância da meteorologia na vida delas. Dos 192 alunos questionados sobre o serviço prestado pelo Sirmal, somente 10 responderam que o conheciam". O mesmo questionário abordou o conhecimento geral da meteorologia, onde somente 4 pessoas responderam que sabiam do que se trata. Ao contrário dessa tendência negativa, a pergunta relacionada à interferência das mudanças climáticas na saúde obteve 180 respostas afirmativas.
O resultado da pesquisa ainda é pequeno e necessita de uma nova visita nas escolas, para avaliar as mudanças de opinião. Edizânio quer também que o trabalho seja ampliado para todas as escolas do Estado. Por isso ele pede a colaboração dos novos estudantes. Para mais informações edizanio@hotmail.com
Parcerias
Edizânio conta que a idéia do projeto de divulgação surgiu ainda em 2007, no início do curso, quando ele e mais alguns colegas de turma começaram a perceber o desinteresse de outros estudantes em relação a possibilidade de um estágio na área. Com a orientação dos professores Luiz Carlos Molion e Manoel Toledo, o estudante atua no projeto sem nenhum financiamento. "Esperamos oficializá-lo por meio da Pró-Reitoria de Extensão, firmando parceria com o Centro de Educação e com o programa cientista mirim da Secretária de Ciência e Tecnologia", afirma o estudante.
Segundo dados da Secretária de Ciência e Tecnologia do Estado, o programa "Cientista Mirim" em 2008, alcançou 96 municípios e em 2009 possui uma expectativa de atingir todos os 102 municípios alagoanos. O programa tem por objetivo incentivar o espírito científico, através de atividades com alunos da educação básica, de modo especial Matemática e Ciência.
O Brasil não tem tradição em Meteorologia
A falta de conhecimento sobre a Meteorologia é apontado pelo coordenador do Instituto de Ciências Atmosféricas e orientador de Edzanio, professor Luiz Carlos Molion, como um problema histórico. "O Brasil não tem uma tradição em estudos atmosféricos. A razão para isso talvez seja histórica, pois Portugal e Espanha, nossos antigos colonizadores, não desenvolveram a necessidade desse estudo, diferentemente de países como o Canadá, Estados Unidos e Rússia onde o estudo é crucial porque o solo passa de 6 a 7 meses congelado sem ter como plantar nada!".
O estudioso ainda afirma que em nosso país, são raros fenomênos de grande intensidade, como o ciclone Catarina, acontecido em março de 2004, e que trouxe bastante prejuízo à população de Santa Catarina. Talvez por isso a meteorologia nunca tenha sido considerada uma ciência importante no Brasil e em todos os países tropicais.
Recentemente, com a globalização, percebe-se a necessidade de melhoria em todos os setores, afim de obter a disposição de previsões do tempo e clima. "Nós temos a habilidade de prever o tempo, mas essa informação deve chegar a quem tem que tomar uma atitude com relação as mudanças climáticas, de forma que evite o mínimo de danos materiais e de vidas", explica Luiz Molion. Para ele, ainda vai levar um certo tempo para que o Brasil perceba que essa área do conhecimento é importante.
Hoje, o Instituto possui um radar que cobre 250 km para dentro do mar, trazendo proteção ambiental para pescadores e diversos navegadores. Segundo consta no plano da unidade acadêmica existe a necessidade de melhoria na comunicação do ICAT, visando a divulgação das ações do Instituto. Existe também a necessidade de uma melhoria nos equipamentos de tecnologia da informação utilizados pelos alunos.