Instituto estuda o impacto das ações humanas no Rio São Francisco

A partir de abril, têm início as atividades do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Transferência de Materiais Continente-Mar, dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo Instituto do Milênio Estuários. O novo instituto, aprovado em dezembro de 2008 pelo CNPq, tem a coordenação geral localizada no Ceará e terá duração de cinco anos, com um montante de R$ 450 mil reais.


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Rose Ferreira - jornalista

Treze instituições, como as Universidades Federais de Alagoas, do Ceará, do Piauí, Fluminense, o Instituto Nacional de Tecnologia (RJ) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (SP), integram esse INCT, cuja missão é quantificar o transporte, transformações e destino de sedimentos, nutrientes, matéria orgânica e metais-traço do continente para o mar na costa leste-nordeste brasileira e sua interação com as cadeias produtivas locais e processos naturais; avaliando ainda a influência desses materiais nos oceanos, bem como a interferência do homem nesse processo, o que subsidiará a construção de cenários ao desenvolvimento sustentado da região costeira face às mudanças regionais e globais.

Sendo assim, os objetivos desse instituto podem ser divididos em três grandes áreas: geoquímica ambiental; dimensão humana, onde os impactos socioeconômicos através da pesca artesanal, aqüicultura, agricultura irrigada, urbanização entre outras, serão ponderados; e, por fim, dimensão dos cenários de mudanças regionais e globais.

Em Alagoas, o Instituto é representado pelo professor Paulo Petter, oceanógrafo e professor do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente e do Labmar há 15 anos, e os estudos se concentram no Rio São Francisco e na influência da piscicultura na qualidade de suas águas, principalmente na reserva da Usina Xingó.

Os pesquisadores farão uma estimativa de quantos tanques-rede de pisciculturas podem ser instalados no Rio São Francisco, sem que se altere a qualidade de suas águas água. Um tanque-rede tem um volume de 27m³ e produz cerca de uma tonelada de peixes, o que demonstra ser uma atividade altamente rentável, no entanto o que se pretende mostrar é o limite sustentável dessa atividade. “O São Francisco tem sido muito impactado pelas barragens e o assoreamento, então eu acredito que a piscicultura funciona como uma medida compensatória, mas é preciso ter cuidado porque uma produção excessiva pode causar o que chamamos de eutrofização, que é o acúmulo excessivo de nutrientes, o que ocasiona o grande crescimento de algas”, alerta Paulo Petter, coordenador local do Instituto.

Para se chegar à forma sustentável da produção de peixes através de tanques-rede, os pesquisadores terão que acompanhar toda a cadeia produtiva, o que certamente dará muito trabalho. Ao fim dos cinco anos, o INCT quer tornar possível o desenho de cenários de gerenciamento sustentado dos recursos das regiões e da necessidade de capacitação, esperando que suas conclusões sejam colocadas em prática. “Nosso trabalho é de pesquisa, não há garantia que ele seja executado, mas estamos cumprindo nosso papel que é dar subsídios aos órgãos ambientais”, salienta Paulo Petter.

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