Pesquisa propõe secagem de frutas através de energia solar
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Rose Ferreira – jornalista
A secagem de frutas é uma nova e promissora área no Estado. Intitulado “Estudo teórico e experimental de um processo de Secagem de Frutas utilizando um secador híbrido (energia solar e elétrica)”, o projeto coordenado pelo professor William Vieira teve início em 2004, sendo financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) nos primeiros dois anos.
Com os recursos obtidos, foram comprados dois coletores solares e um secador em leito fixo para secagem de frutas tropicais. Cinco professores do Centro de Tecnologia integram a linha de pesquisa de utilização de energia alternativa para secagem de frutas: William Vieira, Frede Carvalho, Karla Barcellos, Cristiane Sodré e Lindáurea Costa. Inicialmente, foi proposta a secagem apenas de bananas para produção de banana-passa, mas a instalação também tem servido para outros experimentos de secagem de outras frutas, como abacaxi, pimenta e tomate. Atualmente, além do projeto de secagem de frutas, há também o de secagem de couro de peixe, o de avaliação dos equipamentos instalados e o de implantação de um secador de frutas em Arapiraca.
A secagem é feita da seguinte maneira: através do coletor, a energia solar é captada, sendo o ar aquecido a mais de 50⁰C – com auxílio de energia elétrica; esse ar passa através das frutas, secando-as. Após secar as frutas, é hora de avaliar suas propriedades, através da tecnologia. “Os dados coletados na secagem experimental são simulados no computador, utilizando as Redes Neurais Artificiais, a fim de se obter melhores resultados. É o que chamamos de modelagem do processo de secagem”, esclarece o professor William Vieira, coordenador do projeto.
As frutas in-natura se degradam muito facilmente porque têm alto índice de umidade. A fruta seca tem valor agregado, torna-se mais cara, e tem a grande vantagem de poder ser armazenada por até seis meses. Mas é importante ressaltar que a fruta não é desidratada totalmente; até 20% de água é deixado na fruta, porque esse percentual já mantém a fruta protegida contra a ação de fungos e bactérias.
Por falta de recursos, o projeto divide espaço físico, no Laboratório de Simulação e Controle (Lasic), com outro projeto sobre escoamento bifásico em dutos. No entanto, apesar das dificuldades, o tema tem atraído muitos alunos de graduação e mestrado em Engenharia Química e Ambiental. A importância desse projeto, segundo o professor William Vieira, está em adquirir experiência e formar profissionais nessa área de alimentos.
O processo industrial de secagem de frutas é, normalmente, feito por meio de energia elétrica, por isso opções alternativas têm sido buscadas. Além da energia solar, outra opção é o gás natural; no entanto, apesar de ser abundante em Alagoas, precisaria incluir um trocador de calor no processo de secagem, que é um equipamento muito caro. Sem ele, o gás contaminaria as frutas.
Ampliação do projeto
O projeto que visa a implantação de um secador de frutas em Arapiraca tem como título “Avaliação energética de uma unidade de secagem solar” e é coordenado pela professora Karla Barcellos. Com o principal objetivo de desenvolver pesquisa com fontes alternativas de energia, viável tecnologicamente, utilizando uma tecnologia de domínio científico, secagem solar placa plana, agregando valor ao produto, esse trabalho tem o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O professor William Vieira, participante do projeto, esclarece que essa iniciativa beneficiará a comunidade de Arapiraca porque a secagem agrega valor ao produto, diminuindo as perdas por deterioração e melhorando, consequentemente, o padrão de vida de comunidades que dependem da produção de frutas tropicais.
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