Estudante moçambicana é homenageada pela ONG Maria Mariá
ONG Maria Mariá premia atuação de mobilizadoras sociais, estudante moçambicana da Ufal foi uma das homenageadas
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Lenilda Luna, jornalista, com informações da Agência Alagoas
A Organização Não-Governamental (ONG) Maria Mariá prestou homenagem, nesta quarta-feira, a mulheres e mães que se destacam nas comunidades onde vivem e na sociedade, em geral, pela capacidade de mobilização social. A solenidade foi realizada no restaurante da Federação das Indústrias de Alagoas e reuniu, além das homenageadas, representantes de instituições públicas e não governamentais responsáveis pelas indicações.
A estudante de Música da Ufal, a moçambicana Sônia André, foi homenageada pela implantação do projeto "Cantando e Brincando Aprende-se”, que a partir de 2010 será implantando nas escolas públicas de Moçambique. O projeto propõe estimular o conhecimento e a formação dos professores moçambicanos sobre a disciplina da Educação Musical, a partir do material recolhido nas comunidades escolares das diversas regiões de Moçambique, para ser utilizado didaticamente em sala de aula. Esse material sserá utilizado como ferramenta pedagógica para melhorar a qualidade do ensino. “Queremos levar os professores a valorizarem a música no seu contexto histórico, político e social, respeitando a tradição cultural do lugar”, diz Sônia.
Também foram homenageadas: a líder comunitária da Favela Sururu de Capote, Vânia Teixeira, a quilombola Laurinete Basílio dos Santos, da comunidade Pau D’arco, no município de Arapiraca, a indígena Francisca Silva Medeiros, da Aldeia Boqueirão, de Palmeira dos Índios; a comerciante Maria Cícera Pereira Gomes, vendedora de cosméticos e artesã; a quilombola Marleide Souza Pereira, de Santana do Mundaú, e Maria Isa Virgínio da Silva, que tem histórico de superação na atenção a pessoas necessitadas.
Todas as homenageadas foram indicadas por representantes de instituições como Ufal, Polícia Federal, Câmara de Vereadores de Maceió e de Santana do Mundaú e Secretaria de Educação de Viçosa e Secretaria de Estado da Mulher e da Cidadania.
Com o tema “Mojubá Yèyé”, que na língua yorubá significa “Eu saúdo as mães”, a iniciativa teve como objetivo prestar homenagem a mulheres que, apesar das dificuldades e das limitações sociais exclusivistas, superaram adversidades econômicas e sociopolíticas. “Convocamos as autoridades que indicaram mulheres que têm em seu perfil histórias de superação para que possamos viabilizar parcerias, na intenção de dar visibilidade a pessoas que no seu dia a dia não têm esse reconhecimento público. Pretendemos, com isso, mobilizar a sociedade para a discussão crítica sobre o reconhecimento da contribuição dessas mulheres para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, analisou Arísia Barros, coordenadora do projeto Raízes de África.
A reitora Ana Dayse Dorea ressaltou os valores da estudante da Ufal que foi indicada por ela. “Esta moçambicana é sem dúvida uma mulher e mãe de grande coragem. Veio para Alagoas estudar, trazendo um bebê no colo, e além de se destacar como estudante, ainda foi responsável pela implantação de um projeto que se traduz em um intercâmbio prático entre Alagoas e Moçambique”, declarou a reitora.
Sônia André se disse surpresa com a homenagem e com a repercussão do trabalho dela. “Eu não esperava esse reconhecimento e fico muito emocionada”, disse a estudante. Ela relatou que realmente chegou ao Brasil quando a filha, que agora tem quase três anos, tinha apenas seis meses. “Foi muito difícil no início, tive que me adaptar, procurar alguém para cuidar da minha filha enquanto eu ia para a Ufal, enfrentei alguns problemas, mas tudo valeu a pena e eu sinto que foi um grande passo para o meu desenvolvimento profissional”, contou Sônia.
No almoço, além de ser homenageada, Sônia André cantou para todos os presentes uma música moçambicana que fala da relação entre mãe e filha. “Nessa música, a filha pergunta para a mãe com quem pode compartilhar o peso da vida senão com ela. E a mãe responde para filha que ela tem tanto direito a estar nesse mundo quanto qualquer pessoa, e ser feliz. Essa é a mensagem de todas as mães para os seus filhos, que eles tenham força e enfrentem a adversidade para conquistar o próprio espaço neste mundo”, conclui a universitária.
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