Pesquisas da Feac são destaque na França
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Jacqueline Freire - jornalista
A Universidade Federal de Alagoas marca presença no 5° Congresso IFBAE: “pólos territoriais, inovação e internacionalização”, que acontece nos dias 18 e 19 de maio, no Institut d’Administration des Entreprises de Grenoble (IAE de Grenoble) – França. Os três artigos do professor e administrador Paulo Emanuel de Alencar Imbuzeiro, da Faculdade de Economia e Administração da Ufal foram aprovados para apresentação no evento, que tem classificação internacional B pela Capes.
Dentre os artigos publicados, o principal foi retirado dos resultados da sua dissertação de mestrado, com o tema: “Construção de uma estratégia coletiva: ‘tendências’ para os Arranjos Produtivos Locais”, considerado extremamente relevante para Alagoas, dadas as possibilidades de aplicação nos Arranjos Produtivos Locais (APL) e Políticas Públicas do Estado. A avaliação dos artigos submetidos ao congresso foi feita por uma comissão científica.
Para o professor, a apresentação deste trabalho é de extrema relevância para Alagoas, dadas as possibilidades de aplicação nos Arranjos Produtivos Locais (APL) e Políticas Públicas do Estado. A avaliação dos artigos submetidos ao congresso foi feita por uma comissão científica com critérios rigorosos. “Considerado quesito de avaliação do MEC às Instituições de Ensino Superior (IES), as publicações em eventos científicos trazem ao professor uma experiência profissional que o enriquece pessoal e profissionalmente revertendo em benefício de suas atividades desenvolvidas na academia, além do reconhecimento da comunidade científica”, diz.
Segundo o professor Imbuzeiro, a pesquisa de campo revelou que as Micro e Pequenas Empresas têm valorizado as estratégias dos Arranjos Produtivos Locais, principalmente, a figura do Sebrae-AL, que busca a cooperação e integração de forças dos grupos de empresas no alcance de vantagens competitivas. “A importância do Sebrae como gestor dos arranjos, foi fortemente associado como parceiro nas capacitações, melhorias dos processos de gestão e participação em feiras e eventos. No entanto, apenas 45% dos entrevistados conhecem o Sebrae ou algum programa de incentivo do governo e somente 20% dos empresários participam das ações promovidas pelo Sebrae”, diz o professor.
“Os principais resultados apontaram como expectativas dos empresários: a união entre eles, a redução de custos, a ampliação dos mercados interno e externo, o desenvolvimento tecnológico e a otimização de recursos. Porém, a avaliação dos empresários revela que a cooperação efetiva não acontece, há pouca ou nenhuma redução nos custos e existe uma grande dificuldade de comunicação entre os atores dos APL”, explica Imbuzeiro.
Com relação à inovação, o professor conta que apenas 16% dos empreendimentos, localizados nos APL de turismo de Alagoas, possuem atividades inovativas contra 84% que não inovam. “Dentre estes empresários, muitos não entendem o que é inovação, não conseguem associar inovações às suas atividades ou confundiram esse processo com o simples ato de atender bem o cliente ou ter preços baixos. Um fato curioso é que 79% destas empresas inovadoras informaram que não participam de associações, pois não têm interesse, não têm tempo ou não percebem organização”, avalia.
“Tem-se como conjectura que um programa de estímulo ao crescimento de micro e pequenos empreendimentos poderia ter como uma orientação o fortalecimento e consolidação de arranjos e sistemas produtivos, através da promoção de processos de aprendizado interativo que visem à inovação”, diz ele. Para isto, outros atores, além das empresas, devem ser mobilizados, nomeadamente, as instituições do sistema de ciência e tecnologia – universidades, centros de pesquisa, de apoio e de serviços tecnológicos e de informação, instituições de metrologia e certificação, além dos agentes responsáveis pelo fomento, para que se estabeleça uma crescente interação, difusão de conhecimentos e aprendizado de novas técnicas e formas de gestão.
A pesquisa
O professor Paulo conta que a idéia para as pesquisas surgiu a partir dos estudos realizados no mestrado. “Com a necessidade de entender e identificar os elementos necessários e indutores para que uma região dotada de patrimônio histórico-cultural e recursos naturais se desenvolva por meio da atividade turística, o trabalho se debruçou na análise da estratégia dos APL aliada ao turismo como vetor do desenvolvimento local. Mais precisamente em entender a real situação dos APL de turismo de Alagoas, colocando o conhecimento e a inovação como os elementos necessários para a evolução do arranjo para sistema de inovativo”, revela.
Segundo ele, buscou-se, primeiramente, caracterizar os Arranjos produtivos locais da Costa dos Corais e da região das Lagoas e mares do sul quanto às suas peculiaridades e seu perfil sócio-econômico e ambiental; e em seguida: estudar e rever a metodologia da RedeSist na aplicação específica para o setor de serviços, contribuindo com adaptações para o estudo de APL de turismo, propor indicadores ambientais para o aprimoramento da metodologia da RedeSist, com o intuito de mensurar os impactos causados pela atividade turística no meio ambiente e comparar as duas regiões turísticas estudadas a partir dos indicadores analisados e de todas as informações levantadas, quanto às suas características e perfis turísticos.
O estudo de campo foi desenvolvido no período de janeiro e fevereiro de 2009, por meio do questionário, e envolveu 250 empreendimentos turísticos inseridos nas regiões delimitadas pelos APL, dentre eles: Meios de Hospedagem (hotéis, pousadas, chalés e resorts), Bares e Restaurantes e Comercio turístico (artesanato). A pesquisa de Campo contou com a participação de estudantes de turismo, administração e economia. Que foram devidamente treinados e capacitados visando a máxima eficiência da pesquisa.
O trabalho assim, procurou reduzir as lacunas identificadas, propondo a adoção de um instrumento de pesquisa e análise das regiões estudadas, a fim de identificar esses fluxos e essas trocas de conhecimento para a inovação, permitindo uma melhor gestão do capital de relacionamento dos arranjos produtivos locais. Ou seja, permitindo que se formulem estratégias para uma melhor interação entre as empresas locais e também entre elas e os demais atores (governos, agências de fomento, instituições financeiras, entidades de classe, centros de pesquisa, etc.) que compõem os arranjos, de forma a aumentar sua competitividade. Como exemplo, Paulo cita aumentar o valor agregado e diminuir os custos dos produtos das micro e pequenas empresas (MPE), garantindo a longevidade das empresas e o desenvolvimento sustentável das comunidades envolvidas.
Entendendo os APL´s
Arranjos Produtivos Locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outras – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem, também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento;
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais são aqueles arranjos produtivos cuja interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, possibilitando inovações de produtos, processos e formatos organizacionais, gerando maior competitividade empresarial e capacitação social” (Lastres et al.., 2002, p.13).
Ambos são instrumentos para política de desenvolvimento local. Nessa política a noção da sustentabilidade surge como base para o seu desenvolvimento. É importante assinalar, que a ampliação da consciência ecológica nas atividades turística recebe lugar de destaque nestas discussões, e este fato, tem alertado sobre a necessidade de garantir a sustentabilidade do turismo. Frente às questões ambientais que ocupam espaço importante na sociedade, o turismo passa a ser defendido como caminho para o alcance do desenvolvimento local frente às atividades industriais.