Ridesa trabalha para liberar dez novas variedades de cana

Das dez novas variedades, quatro são de propriedade da Ufal


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Professor Geraldo Veríssimo, coordenador do PMGCA
Professor Geraldo Veríssimo, coordenador do PMGCA

Rose Ferreira - jornalista

A Universidade Federal de Alagoas tem uma posição privilegiada na Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcoleiro (Ridesa), por conta do Banco de Germoplasma, criado em 1966 pelo Sindaçúcar/AL e herdado em 1990 pela Ufal. Nesse Banco, localizado na Serra do Ouro, no município de Murici, estão armazenados os recursos genéticos do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA), com 2.600 tipos de cana (dentre espécies e híbridos).

O papel da Ufal é fazer os cruzamentos dessas plantas e mandar as sementes para as Universidades pertencentes à Ridesa. Sendo assim, a campanha dos cruzamentos está sendo realizada desde abril até junho.  “Estamos recebendo vários pesquisadores para acompanhar o processo e os critérios técnicos para o cruzamento dos parentais”, ressalta Geraldo Veríssimo, coordenador do PMGCA/Ufal.

Pela cana ser hermafrodita, há muitas possibilidades de cruzamento, que são definidas de acordo com as características agronômicas (teor de açúcar, peso, diâmetro, altura, dentre outros); e moleculares (identificação dos marcadores moleculares dessas características). “Assim, pode-se cruzar uma espécie mais doce com uma mais resistente, por exemplo. Essa campanha de agora dará origem à série RB09”, explica Geraldo.

As variedades RB (República do Brasil) de cana são mais produtivas, geram mais lucros para as empresas e representam mais açúcar por área, prova disso é que 60% da área cultivada no Brasil é de RB. No final do ano, serão liberadas dez novas variedades no Brasil, sendo quatro de propriedade da Ufal.

Para proteger essas variedades, foi criada a Lei de Proteção de Cultivares, em 1998. Essa Lei permite que as instituições possam patentear a inovação tecnológica. Todo material de propriedade da Ufal, por exemplo, pode ser usado por terceiros, mediante o licenciamento de uso; isso permite à Universidade a cobrança de royalties.

O PMGCA é mantido por recursos da Universidade e importantes parcerias como o setor sucroalcoleiro; parceria esta realizada através de contratos. “As usinas podem fazer uso das novas variedades, desde que estejam com os contratos em dia, sem pendências”, alerta Geraldo Veríssimo. Na prática, essa condição foi evidenciada recentemente em Minas Gerais, quando um lote de cana-de-açúcar, de variedade desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa, estava sendo utilizado indevidamente por uma empresa privada, sem o pagamento de royalties à universidade que detém a patente.

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