“Facções jovens se digladiam no shopping e a mídia silencia” diz pesquisadora
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Lenilda Luna - jornalista
A denúncia foi feita pela jornalista e doutora em Comunicação do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Rossana Gaia, durante o quarto ato do movimento Ufal em Defesa da Vida, realizado na manhã desta terça-feira, 26, no auditório do antigo Csau, e que teve como tema "Mídia e Violência": seus efeitos no tecido social.
Rossana apresentou a pesquisa “Violência simbólica na Internet: algumas idéias sobre o cotidiano". Entre os tópicos abordados pela jornalista, foram destacados os principais medos que rondam o cotidiano das sociedades contemporâneas, indicados em um trabalho do pesquisador Jesus Martin Barbero: medo que o planeta acabe, medo da violência e medo de perder o emprego.
Para Rossana, com tanta insegurança no mundo externo, as pessoas procuram refúgio nas relações superficiais criadas no mundo virtual, mas que nem mesmo elas estão livres da violência que é característica dos nossos tempos. “Perdemos os laços de comunidade e na ausência deles construímos frágeis relacionamentos nas redes virtuais”
Discorrendo sobre o assunto, Rossana acabou tocando em uma situação bastante conhecida pela sociedade alagoana, mas pouco debatida nos meios de comunicação, que são os confrontos de gangues rivais de jovens, com encontro marcado para as sextas-feiras, durante à tarde, no maior shopping da cidade. “Já não se pode ir ao shopping nesse horário para o lazer, porque há riscos de acabar se machucando num desses confrontos. O efetivo de seguranças particulares tenta controlar a situação, mas em vão, já que os 'encontros', muitas vezes marcados pela internet, reúnem cada vez mais jovens. Enquanto isso, a mídia silencia para não perder verbas publicitárias”, criticou a pesquisadora. As brigas no shopping são inclusive tema de tópicos em comunidades no Orkut
Os predadores da razão
Outra questão relacionada à pesquisa foi levantada pela aluna de Rossana, Aline Rocha, que falou sobre plágio intelectual como forma de violência refinada, mas com efeitos muito graves. “Essa questão veio à tona nos debates em sociedade depois que um jornalista descobriu que a ministra Dilma Roussef não é mestra nem doutora, como colocou no currículo dela”.
Aline alertou como é fácil, com o advento da internet, plagiar trabalhos de TCC, monografias e até dissertações de mestrado. “No site monografia AD existem vários tipos de trabalhos acadêmicos que podem ser impressos e entregues aos professores, sem esforço ou aprendizado dos alunos”, disse Aline. Ela revelou ainda outro site de “serviços educacionais” que garante inclusive total exclusividade do texto, para que o aluno não corra o risco de ter o plágio descoberto.
A professora Rossana Gaia questionou a situação. “Adianta aumentar a fiscalização sobre os sites ou sobre os alunos? Não. O que precisamos é resgatar valores éticos que impeçam, por consciência própria, que as pessoas façam isso com tanta tranquilidade, sem considerar que estão cometendo uma crime, uma violência", diz a pesquisadora.
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