Campus Arapiraca desenvolve tecnologia para identificação de Câncer de Pulmão
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Diana Monteiro – jornalista
Desenvolver uma ferramenta computacional com código livre para auxiliar especialistas na identificação precoce do câncer de pulmão; esse é o objetivo de um estudo científico que está em fase de conclusão no Campus de Arapiraca. Alagoas disponibilizará para pesquisadores dessa área o primeiro banco de grande porte com informações sobre nódulos pulmonares identificados e classificados no Brasil.
Inicialmente, o projeto será aplicado e validado na Unidade de Emergência do Agreste Dr. Daniel Houly, em Arapiraca, e no Centro de Ciências das Imagens e Física Médica da Universidade de Ribeirão Preto (USP). O banco de dados também poderá ser utilizado no ensino, como repositório de imagens educacionais e na análise visual dos resultados encontrados.
Denominado de “Auxílio Computadorizado para Câncer de Pulmão”, o projeto tem a coordenação do professor Marcelo Oliveira, do curso de Ciência da Computação. “Essa fase final dos estudos consta do desenvolvimento dos algoritmos de segmentação e de recuperação de nódulos similares. Entretanto, o Banco de Nódulos Pulmonares já foi desenvolvido e possui atualmente mais de 300 nódulos segmentados e com diagnóstico associado”, diz Marcelo.
Para o pesquisador, após o período de validação no Hospital Regional do Agreste e no centro específico da Faculdade de Ribeirão Preto, a ferramenta estará disponível para download e terá o seu código aberto. “Acreditamos que esta prática seja fundamental para contribuir com a difusão e adoção da ferramenta pelos especialistas”, informa ele.
Incidência da doença
A incidência do câncer de pulmão no Estado, em 2008, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer, superava 300 casos, tornando-se uma das doenças com maior mortalidade em Alagoas. O professor Marcelo Oliveira destaca que no Brasil, em 2006, o câncer de pulmão foi responsável por 14.715 óbitos, sendo o tipo de câncer que mais fez vítimas.
Nos Estados Unidos, em 2005, foram registrados mais de 175 mil casos da doença, levando à morte mais de 160 mil pessoas, superando o número de óbitos provocados pela soma dos três tipos de câncer de maior incidência: mama, colorretal e próstata.
Segundo Marcelo Oliveira, como o câncer é um crescimento celular anormal, incontrolável, que invade tecidos vizinhos e os destroem, pacientes diagnosticados logo nos primeiros meses da doença possuem entre 60% a 90% de chance de sobrevivência. Portanto, a detecção e o tratamento precoce do câncer de pulmão são formas efetivas de garantir a vida dos pacientes. “Contudo, a detecção e a classificação dos nódulos pulmonares em imagens médicas são tarefas desafiadoras aos especialistas, pois os nódulos são pequenos, apresentam baixo contraste e normalmente estão inclusos em estruturas anatômicas complexas”, destaca.
Além de criar uma ferramenta computacional capaz de auxiliar o especialista na identificação precoce do nódulo pulmonar, proporcionando um diagnóstico com mais chance de cura da doença, o estudo será dotado de uma técnica que possibilitará a identificação se o nódulo é maligno ou benigno.
“Vamos utilizar no projeto a tecnologia de Grid Computacional (GC) que além de ser de baixo custo, representa a mais recente e promissora ferramenta na área de computação distribuída. Essa tecnologia é aplicável à rotina de pequenas clínicas e hospitais públicos”, enfatiza Marcelo Oliveira
O projeto é financiado pelo CNPq e Fapeal, e tem a participação dos alunos Pedro Augusto Almeida Ayres e Rodolfo Carneiro Cavalcante, do Curso de Ciência da Computação e bolsistas Pibic. Conta ainda com a parceria da Universidade Federal de Campina Grande e dos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Francisco Vilar Brasileiro (coordenador do Laboratório de Sistemas Distribuídos) e Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques.