MEC faz reunião para discutir vazamento da prova do Enem

Prova foi adiada após suspeita de fraude. Expectativa do MEC é realizar nova prova em novembro.


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Representantes do Ministério da Educação (MEC), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais ( Inep) e do consórcio responsável por todas as etapas de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - cuja empresa líder é a Consultec, da Bahia -  reúnem-se hoje (2) de manhã no MEC.

Os objetivos da reunião são tentar mapear onde pode ter ocorrido o vazamento da prova, estudar a melhor data para a aplicação dos testes em novembro e definir as próximas medidas a serem adotadas.

Em pronunciamento feito ontem (1º) à noite em rede nacional de rádio e televisão, o ministro da Educação, Fernando Haddad, explicou que após receber de um jornal de grande circulação a informação de que uma prova do Enem havia vazado e sido oferecida à publicação, o MEC decidiu adiar a aplicação do exame.

"Em nome da credibilidade e segurança que o Enem possui, decidimos inutilizar os itens da prova e adiar a sua realização, até que uma nova versão possa ser impressa com condições reforçadas de segurança", disse.

O ministro reafirmou que o MEC colocou a prova descartada à disposição dos estudantes, para uso em simulados. O material está disponível nas páginas do ministério e do Inep na internet.

Inquérito que vai investigar vazamento do Enem já foi aberto 

Rafael Targino, G1, em Brasília

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (1), durante entrevista à imprensa após o vazamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que o inquérito da Polícia Federal que vai investigar o fato já foi aberto e vai correr em São Paulo, cidade onde houve a oferta para o jornal “O Estado de S. Paulo”. A nova prova, segundo o MEC, deve acontecer em 30 ou 45 dias.

 

 “[As pessoas que fizeram a oferta] Estão se expondo de uma maneira que podemos chegar aos autores do delito com alguma rapidez”, disse. O consórcio que venceu a licitação de impressão da prova foi chamado a Brasília para dar explicações. Ele foi o único participante da licitação.

 

Haddad disse que vai avaliar nesta tarde com o consórcio se ele continua executando a prova, além dos custos do adiamento. Segundo o ministro, todo o contrato custa cerca de R$ 116 milhões e a reimpressão responde por 30% desse total (aproximadamente R$ 34,8 milhões). Há duas alternativas: continuar com o único consórcio que participou da licitação, ou uma contrato emergencial.

 

O ministro disse que é preciso novos requisitos de segurança para a prova. De acordo com ele, manter o consórcio é uma avaliação que cabe ao Inep fazer. Haddad disse que esta prova do Enem já virou uma espécie de simulado.

 

O diretor do Inep, Reynaldo Fernandes, disse que o ponto mais sensível a problemas de segurança é a distribuição das provas, um processo que já tinha se iniciado. Boa parte do país já recebeu as provas que foram invalidadas hoje.

 

Ele disse também que, para respeitar os prazos das universidades que vão usar a nota do Enem nos seus processos seletivos, haverá mais gente para corrigir as provas.

 

Ao ser perguntado se tinha alguma explicação a dar aos alunos que estavam ansiosos por fazer o Enem, Haddad brincou. "A maioria dos e-mails aqui era para prorrogar o prazo. Nove entre dez e-mails que a gente recebe dizem: que bom que cancelaram a prova."

 

O ministro elogiou a postura do jornal "O Estado de S. Paulo". "Não fosse a conduta do jornal até aqui, corríamos o risco de aplicar a prova e anular semana que vem. Seria um transtorno pra mais de 4 milhões de pessoas."

 

Contato

 

Fernando Haddad contou na coletiva que, por volta das 21h30, foi informado que o jornal havia recebido uma oferta de provas impressas do Enem. Após isso, uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) fez uma checagem com as informações passadas pelo “Estado”. Segundo o ministro, no Inep, não existe prova impressa, mas sim uma digitalizada em um cofre e em um envelope lacrado. A impressão acontece somente na gráfica, disse.

 

Por volta de 1h, a equipe confirmou que os elementos descritos pela jornalista estavam na prova que seria aplicada no final de semana. Logo após, o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, comunicou o adiamento da prova.

 

"A prova impressa tem que ter passado pela gráfica. Uma coisa seria o vazamento do banco de itens. Outra seria o manuseamento do material impresso. Até pela experiência acumulada nesta área, há realmente um risco de vazamento na gráfica. Por isso ela é monitorada, com câmeras que gravam entrada e saída de pessoal. Mas não posso excluir nenhuma possibilidade”, disse.

 

A reportagem do G1 esteve nesta quinta (1º) na sede da empresa responsável pela impressão das provas, a Plural Indústria Gráfica, em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Recebeu a informação de que a empresa só falaria por telefone. Foram feitos dois contatos telefônicos, durante a manhã e à tarde, e os funcionários que atenderam disseram que ninguém poderia dar informação naquele momento.

 

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) em São Paulo, Fabio Arruda Mortara, disse que é muito difícil que a prova tenha vazado da gráfica. Segundo ele, há cerca de 30 gráficas no estado de São Paulo que teriam capacidade técnica e estrutura de segurança para imprimir um exame como o Enem.

 

Mortara afirmou que essas gráficas têm sistema interno de câmera, controle de acesso por digital, vistoriam funcionários na entrada e na saída, entre outras medidas de segurança.

 

“Elas trabalham de forma extremamente profissional e bem preparada. Não achamos que isso vazou pela gráfica”, afirmou. Mortara disse que nesse tipo de exame, assim como em provas de concursos públicos, em geral, funcionários da instituição que promovem a prova vão até a gráfica para monitorar o processo de impressão.

 

Outro lado

 

O Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel), empresa que venceu a licitação para operacionalizar o Enem, afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso e que as informações deverão ser obtidas com o Inep. O consórcio é formado pelas empresas Consultec, Funrio e Instituto Cetro, sediadas, respectivamente em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Além do consórcio, o G1 também procurou as três empresas separadamente, mas também foi orientado por elas a procurar o Inep.

(*) Colaborou o G1, em São Paulo

 

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Jornalista conta sobre vazamento da prova