MEC rompe contrato com consórcio
Ministério da Educação já define outras instituições para realizar a prova, que deve ser aplicada até final de novembro
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Fonte: Jornal Gazeta de Alagoas, p. A7, do dia 6 de outubro de 2009
O MEC (Ministério da Educação) anunciou na noite de ontem que vai romper o contrato com a Connasel, consórcio que venceu a licitação para realizar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O exame teve de ser adiado na semana passada após o conteúdo da prova vazar.
Desde o fim da tarde de ontem, representantes do Inep (órgão ligado ao MEC) e do consórcio estão reunidos em Brasília discutindo o caso. No encontro, o consórcio entregaria um relatório com respostas a vários questionamentos feitos pelo MEC aos procedimentos adotados para o Enem.
Mais cedo, o MEC informou que a União deve processar o consórcio pelo vazamento da prova, descoberto na semana passada. A Connasel, porém, ainda não se pronunciou sobre a quebra de contrato, e nega falhas na segurança.
Parceiros estatais e empresas privadas do ramo, como Cespe e Fundação Cesgranrio, já foram consultados pelo governo para assumir a realização do exame.
Os Correios vão participar da distribuição das provas. A Força Nacional de Segurança e a Polícia Federal, por sua vez, serão responsáveis pela segurança.
O vazamento da prova está sendo apurado pela Polícia Federal, que até ontem já havia indiciado cinco suspeitos.
Reformulado neste ano, o Enem será a única forma de seleção em 24 das 55 universidades federais. O exame é usado por federais também para substituir a primeira fase do vestibular, para compor a nota e nas vagas que sobrarem. Em 2009, o número de inscritos foi o maior registrado nas 11 edições do exame, com 4.147.527 candidatos.
O cancelamento da prova do Enem foi informado após denúncia feita pelo jornal "O Estado de S.Paulo". Segundo a reportagem, o jornal foi procurado por dois homens que informaram ter recebido o material no dia 28 de setembro de um funcionário do Inep, órgão ligado ao MEC. Eles apresentaram a prova e pediram o pagamento de R$ 500 mil por ela.
Nova data
O MEC estuda duas datas para a aplicação do Enem: o último fim de semana de novembro ou o primeiro fim de semana de dezembro. Em último caso, o ministério estuda realizar o exame em um dia de semana e decretar feriado estudantil. A reportagem apurou que essas datas estão sendo cogitadas pelo MEC porque são as que menos prejudicariam a participação de candidatos em vestibulares de universidades públicas, principalmente paulistas.
Nos fins de semana anteriores, serão as provas da Fuvest (dia 22), Unicamp (dia 15) e Unesp (dia 8).
Representantes de 55 universidades federais, de 31 instituições federais de ensino e de todas as secretarias estaduais da Educação admitiram ontem adiar o início das aulas do primeiro semestre de 2010 para poder utilizar a nota do Enem.
As aulas começariam só em março. Algumas universidades, no entanto, terão de adiar a data do vestibular para evitar a coincidência de datas com a nova prova.
"A partir de agora, teremos vestibular praticamente todos os fins de semana até dezembro e essa decisão de adiamento terá de ser adotada individualmente, respeitada a autonomia de cada universidade", explicou o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), Alan Barbiero, reitor da Universidade Federal do Tocantins.
"Há um sentimento coletivo de confiança no MEC e certamente faremos todo esforço para usar o novo exame como forma de acesso, de modo que nenhum estudante seja prejudicado", observa Barbiero.
Indiciamentos
A Polícia Federal indiciou ontem mais três pessoas supostamente envolvidas no vazamento da prova do Enem. Além dos três suspeitos, o empresário Luciano Rodrigues, dono de uma pizzaria nos Jardins, em São Paulo, e o DJ Gregory Camillo de Oliveira Craid já haviam sido indiciados pela PF.
Segundo o advogado Luiz Vicente Bezinelli, que defende Rodrigues, Pradella é um dos indiciados e, em depoimento à PF, admitiu o desvio e apontou mais duas pessoas envolvidas. A Polícia Federal, porém, não divulgou o nome dos suspeitos indiciados ontem, nem por quais crimes eles estão sendo investigados.
Funcionário contratado temporariamente pela Cetro, uma das três empresas que compõem o consórcio Connasel, Pradella foi admitido para atuar na Plural, gráfica contratada pelo consórcio para imprimir as provas do Enem.
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