Prova do Enem foi mais difícil que a cancelada
Para candidatos e professores de cursinhos, 1º dia do exame exigiu mais conhecimento de matérias e menos raciocínio. Gabarito deve ser divulgado nesta segunda, 7; enunciados longos fizeram com que as quatro horas e meia de prova fossem consideradas insuficientes.
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Fonte: Folha de São Paulo
Longos enunciados e maior cobrança das matérias do ensino médio foram as principais dificuldades encontradas pelos candidatos ontem, na primeira prova do Enem. Na opinião de alunos e cursinhos, o exame foi mais difícil que a versão que vazou em outubro e foi cancelada pelo Ministério da Educação. A prova de ontem teve ciências humanas (geografia e história, por exemplo) e da natureza (química, física e biologia).
Reformulado no início deste ano, o exame deveria manter o nível de dificuldade para que diferentes edições possam ser comparáveis entre si.
Sobre a mudança do padrão em relação à versão cancelada, o Inep (órgão responsável pelo Enem) disse apenas que as questões vieram do mesmo banco de perguntas da primeira versão e que a "calibragem" do nível de dificuldade foi feita pelos mesmos técnicos.
Para os cursinhos Anglo, Henfil, Objetivo e da Poli, houve mudança no nível. "Fizeram a prova mais difícil do que a que vazou para mostrar serviço", diz a aluna Nara Mantoni, 18.
O Cursinho da Poli acha que uma questão sobre escravidão no Brasil não tem resposta e critica a profundidade de um teste sobre genética. O Anglo questiona as alternativas de uma questão sobre carbono.
Reformulação
O Enem foi reformulado neste ano para que pudesse ser usado como vestibular unificado de universidades federais.
Para isso, o MEC anunciou que iria aumentar a cobrança das disciplinas do ensino médio, mas sem deixar de lado o caráter interpretativo do exame.
Outra mudança foi o aumento nas questões, que passaram de 63 para 180 (em dois dias). A prova maior e com longos enunciados, porém, fez com que as quatro horas e meia não fossem suficientes, dizem alunos e professores. "Nenhum conteúdo era desconhecido, mas a prova foi trabalhosa", diz Miguel Castro, do COC.
Segundo Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil, se o nível de exigência se mantiver hoje na prova de matemática e linguagens, será difícil completar o exame no tempo dado e fazer a redação.
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