Jovem detido por assalto confirma a matrícula na Ufal


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Ricardo, de boné, fazendo a matrícula. Foto: Robson Lima, Gazeta de Alagoas
Ricardo, de boné, fazendo a matrícula. Foto: Robson Lima, Gazeta de Alagoas

Lenilda Luna - jornalista

Ricardo Gomes de Araújo, 19 anos, é agora oficialmente estudante da Universidade Federal de Alagoas. Ele chegou para fazer a matrícula, nesta segunda-feira a noite, 18 de janeiro, escoltado por agentes penitenciários, meia hora antes do encerramento dos trabalhos.

A mãe de Ricardo, Maria Selma Gomes, já estava aflita na porta da Faculdade de Administração, temendo que ele não chegasse a tempo e perdesse a vaga conquistada, mas deu tudo certo. O abraço de alegria e orgulho emocionou a quem acompanhava a cena.

Ricardo Gomes se envolveu em um assalto à mão armada no Tabuleiro, em outubro do ano passado, e foi preso depois de uma perseguição policial, na qual ele foi baleado na perna.

A família vive um drama desde então. Os pais contam que Ricardo sempre foi um bom filho e a participação dele em um crime chocou a todos. O rapaz foi levado para a Casa de Detenção Provisória de Maceió e espera que a Justiça decida sobre o caso dele.

No final do ano passado, ele conseguiu autorização para fazer as provas do vestibular da Ufal, em uma sala separada e sob escolta. Foi aprovado para Administração, no turno noturno, em 53º lugar. Segundo o diretor da Faculdade, professor Luis Antonio Cabral, o estudante deve iniciar o curso no segundo semestre.

Ainda não se sabe como será feito para que Ricardo tenha acesso à universidade. A Intendência Penitenciária já manifestou a dificuldade em garantir escolta diária para que ele participe das aulas. Mas como é réu primário, pode conseguir liberdade provisória para responder ao processo. "Vamos aguardar a decisão da Justiça", disse o professor Luis Cabral.

Na Pró-reitoria Estudantil, a bolsista Maria Rita Valoes garantiu que Ricardo Gomes vai encontrar todo apoio que precisa para cursar a faculdade. "Ele inclusive pode ter assistência psicológica, caso considere necessário", disse a estudante.

E talvez seja preciso mesmo, porque além das dificuldades operacionais, Ricardo vai enfrentar o preconceito social contra pessoas que cometeram um erro. Ontem, durante a matrícula, as opiniões dos colegas de curso se dividiam. Enquanto uns consideravam Ricardo um exemplo de superação, outros não escondiam o medo de que ele possa reincidir no crime, colocando em risco a própria turma...

Mas a família de Ricardo está confiante e orgulhosa. O irmão mais novo dele também foi aprovado no vestibular da Ufal para o curso de Química. Todos esperam que Ricardo tenha a oportunidade de cursar a universidade e que isso represente um novo começo...

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