Mais 43 questões do Enade são anuladas por problema na formulação; total chega a 54


- Atualizado em

Ângela Pinho - Folha Online

Mais 43 questões do Enade, exame federal que avalia o ensino superior, foram anuladas por problemas em sua formulação. Dois itens em questões dissertativas também foram cancelados. A decisão foi tomada por especialistas nomeados pelo Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação) para analisar a prova. Outras 11 perguntas de comunicação social já haviam sido anuladas.

Entre essas questões, está uma que pedia que os alunos avaliassem críticas feitas pela imprensa à declaração do presidente Lula de que a crise econômica mundial não passava de uma "marolinha". Entre as alternativas estava a de que tinha havido, por parte dos críticos, "prejulgamento" ou "irresponsabilidade".

Já foram 54 questões descartadas ao todo (7% do total), maior número desde que o exame foi criado, em 2004, e mais do que o dobro que em 2008, quando houve 23 anulações. Todos os que fizeram o exame irão ganhar pontos por elas.

Entre os problemas, estavam respostas duplas ou incorretas e enunciados errados ou incompletos. Em outros casos, os especialistas consideraram que as questões não cumpriam as diretrizes estabelecidas. As perguntas foram elaboradas pela Consulplan, que venceu a licitação para fazer a prova. Procurada ontem, a empresa afirmou que o Inep deveria se pronunciar sobre o assunto.

O presidente do instituto, Joaquim José Soares Neto, afirmou que sua equipe irá analisar o motivo da anulação de cada questão para decidir se toma alguma medida em relação à empresa. Entre as sanções possíveis, segundo ele, estão desde multa até a proibição de que a Consulplan participe de outras licitações do Inep.

O Enade avalia a cada três anos um grupo de cursos superiores. Em 2009, foi a vez principalmente de áreas de humanidades. Todas as provas tinham 40 questões, sendo 10 comuns a todas as áreas e as demais de conteúdo específico. Tropeços em avaliações como o Enade e o Enem, que vazou e foi divulgado com gabarito errado, fizeram com que, no final do ano passado, o então presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, deixasse o cargo.

Enem
Cerca de 200 detentos de SP e do RS deixaram de fazer nesta terça-feira, 5, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). As provas do exame em presídios foram marcadas para os dias 5 e 6 de janeiro por razões de segurança, com questões diferentes das aplicadas em dezembro para os demais candidatos.

Entre 12 mil que se inscreveram, esses cerca de 200 foram prejudicados porque as provas ou os técnicos que deveriam aplicá-las não chegaram às suas unidades prisionais. Em São Paulo, o problema se concentrou em dez unidades da Fundação Casa, antiga Febem. De acordo com a instituição, 29 internos deixaram de fazer a prova.

O MEC confirma a existência do problema, mas diverge sobre os números. Para o ministério, foram oito unidades prisionais em SP e 27 jovens prejudicados. No RS, 181 presos deixaram de fazer a prova.