Título de campeão em mortalidade envergonha Estado

Situação leva Alagoas a assinar pacto com Governo Federal


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Entre os anos 2000 e 2007, morreram 13.193 crianças em Alagoas antes de um ano de idade. No período, em média, 1.885 bebês por ano foram enterrados no Estado. Esta é outra "medalha" que os alagoanos não gostariam de carregar: a de campeão em mortalidade infantil. Em 1990, o Estado já era o primeiro em mortes de crianças com até 12 meses de nascidas. No universo de mil, 102,2 acabaram falecendo. No Nordeste, o segundo pior Estado era a Paraíba, com taxa de 81,9.

 

Ao longo de décadas, o número de mortes vem diminuindo no Brasil inteiro. A redução é constante, desde 1979, pelo menos.

 

De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), gerido pelo Ministério da Saúde, naquele ano, 6.637 alagoanos não sobreviveram. Morreram antes do primeiro aniversário. Em 1985, o Estado registrou uma redução significativa: saiu da marca dos 6.786 bebês mortos para 4.936. Dez anos depois, em 1995, o número de óbitos estava em 2.308.

 

Uma década mais tarde, em 2005, Alagoas registrava 1.467 mortes. Em 2008, eram 1.060. Números recentes podem ter sido alterados. Eles dependem das secretarias municipais, para serem atualizados no sistema que interliga a prefeitura ao Ministério da Saúde. Apesar das capacitações, nem todos os municípios fazem os registros no prazo que deveriam. Os números de 2009 estão sendo fechados. Mas, segundo boletim do Estado, a mortalidade infantil vitimou 869 crianças no ano passado.

 

Diante de tantas mortes, o governador Teotonio Vilela (PSDB) desafiou sua gestão. Perante o presidente da República, em maio de 2009, ele não aceitou a proposta do governo federal de reduzir 5% a taxa de Alagoas. Queria mais. E se comprometeu em reduzir em 10% o número de óbitos infantis no Estado. Assim, foi assinado o pacto que direcionou para Alagoas RS 8,6 milhões.

 

Quem trabalha diariamente para cumprir a meta diz que as mudanças não devem ser feitas apenas na área da Saúde. Questões econômicas e culturais interferem diretamente no número de mães capazes de gerir filhos saudáveis. Os cálculos são feitos mensalmente. Mas a forma de calcular em Alagoas é diferente da usada pelo Ministério da Saúde, que considera o levantamento do IBGE para traçar a taxa de mortalidade no Brasil.

 

O Estado usa o método direito. Considera os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade e do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos para fazer a relação do número de óbitos no conjunto de cada mil nascimentos. Já o método indireto, usado pelo IBGE, considera dados demográficos para traçar estimativas e poder comparar as taxas de Estados e municípios de diferentes portes. Assim, as taxas de mortalidade calculadas pelo Estado e pelo governo federal são bem diferentes. De um jeito ou de outro, a redução valerá para os dados de 2009 e 2010. Técnicos dizem que só dois anos mais tarde os dados serão consolidados. Quem quiser tirar a prova dos nove, terá que esperar.