Ufal em Defesa da Vida intensifica ações em 2010
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Diana Monteiro - jornalista
Dando continuidade ao debate e reflexão sobre a problemática da violência em Alagoas, o Programa Ufal em Defesa da Vida promove no dia 8 de março, no Campus Maceió, o 6º ato em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, debatendo temas relativos à violência, assédio moral e luta por direitos. Essa atividade do Programa será realizada juntamente com pró-reitorias, núcleos temáticos, entidades de trabalhadores da Ufal e a Ong Maria Mariá.
A coordenadora do Programa, professora Ruth Vasconcelos, acrescenta que a partir do dia 8 de março será também deflagrada a campanha para recolhimento de dois mil pares de sapatos para uma representação simbólica das duas mil mortes por assassinatos no ano de 2009.
“Os pares de sapatos serão expostos no dia 13 de maio na avenida central do Campus Maceió, a exemplo do varal das camisas realizado ano passado”, explica Ruth. Para o mês de março está programado também o 7º ato, no dia 25, que terá como tema “Direitos Humanos e Direitos à Verdade”, dentro da discussão sobre o Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos.
Para este ano de 2010, o Programa Ufal em Defesa da Vida também realizará atividades no Campus Arapiraca com a programação a ser definida com a comunidade acadêmica.
Resgate da cidadania
O programa Ufal em Defesa da Vida mantém no Campus Maceió um painel com registro de números de assassinatos ocorridos em Alagoas, conforme os dados fornecidos pela Secretaria de Defesa Social e atualizados a cada trimestre. Constata-se que no segundo semestre de 2009 houve uma tendência de crescimento da violência letal, o que, segundo Ruth Vasconcelos revela uma grave crise de valores na sociedade que passa a ser uma porta aberta para as drogas com todos seus efeitos desestruturantes e devastadores, particularmente para a juventude.
“As ações estatais têm sido insuficientes para conter os efeitos do tráfico de drogas e de armas em nosso Estado. Os caminhos para a reversão dessa realidade são múltiplos, como por exemplo, maior investimento em educação, em ações culturais, ampliação de oportunidade de empregos para a juventude, resgate de alguns valores humanitários que recomponham os laços sociais no sentido do respeito, responsabilidade com o outro, solidariedade, dentre tantos outros”, enfatiza Ruth Vasconcelos.
A pesquisadora ressalta que o Estado precisa se estruturar mais para exercer bem e melhor o seu papel repressivo sem esquecer de promover ações preventivas. Ruth Vasconcelos cita dados sobre a violência local, informando que de 2002 a 2007 ocorreram em Alagoas 5200 homicídios. Destes, só 5% se transformaram em processo e apenas 1% desse universo foi enquadrado na lei e punido, segundo dados do Conselho Estadual de Segurança Pública .
Sobre a contribuição da Universidade para reverter essa realidade, a coordenadora diz que o Programa Ufal em Defesa da Vida tem o papel de promover uma discussão sobre a violência, visando uma transformação da cultura política no seio da comunidade acadêmica. Com essa finalidade tem promovido inúmeras ações envolvendo diversos segmentos da sociedade e vem despertando as pessoas para refletirem sobre a violência e como podem contribuir para reverter essa realidade.
“A sociedade alagoana tem conhecimento de que a Ufal está sensível a essa grave problemática. Estamos querendo contribuir para a construção de uma nova concepção de segurança pública que não se reduza a ações policiais. E é aí, onde nós atores sociais, podemos desconstruir a cultura de intolerância e violência que tem sido responsável pelos altos índices de homicídios, por causas absolutamente injustificáveis. O papel da Ufal é decisivo na produção do conhecimento sobre essa realidade bem como na promoção de reflexões críticas”, conclui a coordenadora do programa.