Doutorado do IQB completa 10 anos


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Bloco do Instituto de Química, no Campus Maceió
Bloco do Instituto de Química, no Campus Maceió

Julianne Leão – estagiária de Jornalismo

Iniciado em 1992, o Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia (PPGQB) é um dos mais antigos da Universidade Federal de Alagoas. Coordenado atualmente pela professora Fabiane Galdino, o Programa possui conceito 4 na Capes, com expectativas de crescimento.

Considerando o caráter de inclusão científica adotado desde então, o PPGQB quebrou barreiras de resistência na implantação de rotinas científicas endo- e exogenamente ao atual Instituto de Química e Biotecnologia, catalisando o desenvolvimento de grupos de pesquisa e até mesmo de novos Programas de Pós-Graduação, em outros setores, particularmente de Agrárias e Saúde.

Liderado por docentes do PPGQB, surgiu o Ponto Focal - Alagoas do Renorbio, que possui conceito 5 na Capes. No ano de 2010, docentes do PPGQB também participam do Programa de Doutorado em Materiais e em outros programas de Pós-graduação da Ufal, como o Mestrado em Saúde, do ICBS, do Programa de Agronomia e do de Nutrição.

O desenvolvimento e a melhoria da infraestrutura do PPGQB é parte do plano estratégico da Universidade, que tem como uma de suas principais metas apoiar o desenvolvimento deste Programa de Pós-Graduação, considerado um “catalisador” de desenvolvimento de outros Programas de Pós-Graduação na Universidade Federal de Alagoas.

O Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia já formou 170 mestres e 40 doutores, dentre eles vários professores da Ufal e, atualmente, seus docentes participam de seis programas de Doutorado. Até esse momento, o PPGQB tem cumprido sua “função social” de qualificação de quadros na Ufal, ao doutorar docentes da instituição, oriundos dos cursos de Enfermagem, Odontologia, Biologia, Agronomia, Engenharia Civil, Farmácia e Nutrição.

Cerca de 10 alunos ingressam por ano no Doutorado, que tem atualmente 46 estudantes de Mestrado e 60 estudantes de Doutorado com bolsas Capes, CNPq ou Fapeal. 19 docentes compõem o Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), dos quais 8 são pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Já chegamos a ter 26 docentes, de diferentes centros da Ufal. Esperamos que o número atual de docentes cresça”, diz Marília Goulart, professora do Instituto.

O processo de seleção do Doutorado é iniciado com a divulgação de seu edital. O aluno interessado no Programa é submetido a uma entrevista e deve produzir um projeto de pesquisa individual que será posteriormente defendido frente a uma banca de três professores.  

Evolução do curso

As primeiras atividades de pesquisa da Ufal somente foram implantadas no final da década de 70, lideradas por pesquisadores da área de Ciências Exatas (notadamente Química, Física e Matemática), tendo influenciado positivamente e impulsionado outras áreas, cujos programas de Pós-graduação se consolidaram a partir de meados dos anos 90.

Os projetos de pesquisa do IQB são distribuídos em várias sub-áreas do conhecimento. São consolidadas as áreas de Química de Produtos Naturais (pioneira), Eletroquímica, Catálise, Síntese Orgânica e Organometálica, Ecologia Química e Cristalografia. As áreas em consolidação são, entre outras, Biotecnologia, Proteoma e Química Analítica/Ambiental.

Ao longo dos 18 anos do mestrado e 10 anos de existência do programa de doutorado, foram realizados, na área de Eletroquímica, estudos de moléculas bioativas, com correlação entre atividade biológica e parâmetros eletroquímicos, desenvolvidos sensores e biossensores, e estudados bioadsorventes e processos da base eletroquímica para a descontaminação ambiental e em processos de interesse industrial.

Na área de Ecologia Química, foram desenvolvidos feromônios para o combate às pragas locais e foram depositadas patentes nessa linha. Em Produtos Naturais, foram isoladas substâncias de diferentes classes estruturais com diversas aplicações biológicas e farmacológicas. E, em Catálise, foram desenvolvidos catalisadores, importantes para o processo de fabricação de biodiesel, além de uma série de artigos publicados e patentes.

Premiações

Dentre os prêmios nacionais e internacionais mais importantes que o Instituto de Química e Biotecnologia recebeu estão: o Prêmio Jovem Cientista, de 1985, conquistado pela professora Marília Oliveira Fonseca Goulart, que ganhou o primeiro lugar na categoria Graduado; e o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, de 2001, conquistado pelo pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, Josealdo Tonholo e estudantes.

Segundo um dos vencedores do Prêmio Finep, Phabyanno Lima, foi através da parceria com a antiga Salgema, hoje Braskem, e a fusão universidade-empresa que houve a oportunidade de recebimento do prêmio. “O pivô de tudo isso foi o professor Tonholo, que conseguiu fazer com que o nosso grupo fosse reconhecido”, destaca o bolsista de pós-doutorado, também credenciado no PPGQB. Segundo ele, o projeto foi de grande importância, pois alavancou ainda mais o nome da Ufal e do IQB.

Outros professores premiados ao longo desses anos foram: Antônio Euzébio Goulart Santana, Ruth Rufino do Nascimento, Márcia Plestch, Fabiane Caxico de Abreu, Francine Santos de Paula, Sônia Salgueiro Machado, Carmem Zanta e respectivos alunos, em congressos nacionais e internacionais.

Presença de pesquisadores estrangeiros

O IQB possui uma série de acordos internacionais, com países como França, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, Argentina, Chile, México, Índia e República Tcheca.

Um dos mais ativos é o acordo de cooperação que envolve a Academia Brasileira de Ciências e a Academia Tcheca de Ciências, que resultou no intercâmbio da aluna de doutorado Lucie Vanickova, da República Tcheca. O intercâmbio foi mediado pelas duas academias, e conta com o apoio dos pesquisadores da Ufal, juntamente com o Instituto de Química e Biotecnologia da República Tcheca. Dentro do acordo de cooperação, há a previsão do recebimento de outros pesquisadores tchecos e a saída dos estudantes da UFAL para o país europeu, fazendo com que tanto os estudantes brasileiros, como os alunos tchecos, tenham a possibilidade de realizar o intercâmbio, aprendendo e trocando cada vez mais conhecimentos.

A aluna de doutorado Lucie Vanickova chegou ao Brasil no dia 3 de março, e a previsão é de que a estudante tcheca fique no país por um período de 40 dias, que pode se estender por mais 60 dias. A pesquisa que está sendo desenvolvida é voltada para o controle de pragas. Lucie está trabalhando em um projeto que visa o controle das espécies de moscas Anastrepha fraterculus, que ataca frutas como a goiaba, a uva e a maçã, e Ceratitis capitata, que ataca plantações de laranjas.

“A Lucie é pesquisadora: ela detém conhecimento científico específico. Nós temos o problema, o inseto, e conhecimento científico diferenciado. O nosso objetivo final é encontrar uma alternativa de controle da praga”, diz a professora Ruth Rufino, que coordena o intercâmbio. “Objetivamos unir o conhecimento que ela traz com o conhecimento que já possuímos, e com essa parceria, conseguir a alternativa do controle das pragas, utilizando a comunicação química”, completa ela.

Segundo a coordenadora e pesquisadora do CNPq, Ruth Rufino, o controle de pragas como as moscas de frutas, é de grande importância, pois frutas com danos causados por insetos perdem seu valor comercial, e com isso, a economia brasileira sofre também. “A exigência comercial é muito forte nos países estrangeiros. A padronização da qualidade é um dos fatores principais para a venda de frutas brasileiras. Ninguém vai querer comprar frutas com danos causados por insetos, muito menos com insetos ou larvas dentro das próprias frutas. A fruta precisa ter uma boa aparência, para que seja de interesse do comprador. Para isso, é necessário que seja feito o controle das pragas”.

Além dos benefícios para a exportação brasileira, a pesquisa traz também benfeitorias à Universidade e aos pesquisadores. “Isso tudo resulta na geração de patentes de produtos tecnológicos”, diz a professora. Segundo ela, hoje a geração de patentes é uma das exigências entre grupos de pesquisa que competem entre si, e os brasileiros ainda permanecem aquém dos europeus e norte-americanos, se feito um comparativo. “Com o desenvolvimento de um projeto de pesquisa em que haja um produto tecnológico com a geração de patentes, tanto nós, pesquisadores, como também a Universidade, teremos avanços”, diz a professora.