Campus Arapiraca apresenta o primeiro formando


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Professores do Campus Arapiraca vieram prestigiar José
Professores do Campus Arapiraca vieram prestigiar José

Rose Ferreira - jornalista

Na quarta-feira, 28 de abril, um momento histórico aconteceu na Universidade Federal de Alagoas: José Antonio de Albuquerque Filho, 23 anos, aluno do Polo Palmeira, colou grau em Serviço Social. A particularidade da ocasião está no fato que José Antonio é o primeiro formando do Campus Arapiraca. Deficiente visual, não recuou diante das dificuldades, e precisou se formar antecipadamente em relação a sua turma porque foi nomeado no concurso público que prestou para a Prefeitura de Aracaju-SE.

Na colação de grau, realizada no Gabinete da Reitora, a emoção e o entusiasmo estiveram presentes todo o tempo. Presentes à cerimônia o vice-reitor Eurico Lôbo; os professores Sueli Nascimento, orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso; Marinês Coral, coordenadora do curso de Serviço Social do Polo Palmeira; Elthon Oliveira, que ensinou José no início da graduação; e Márcio Santos, diretor geral do Campus Arapiraca; além da técnica em assuntos educacionais e co-orientadora do TCC, Lidiane da Silva; e da colega de curso, Alice.

“Em um momento como esse vemos a concretização de nossos esforços para levar a Universidade para o interior de Alagoas. Hoje, temos cerca de três mil estudantes na expansão; tem sido um trabalho fantástico. E formar o primeiro aluno do Campus Arapiraca, não só pela antecipação que a legislação permite, mas por ter sido aprovado em concurso público, é um prazer imensurável”, disse a reitora, parabenizando também o Polo Palmeira pela competência dos professores e técnicos que o integram e que fizeram questão de estar acompanhando de perto a colação de grau. “Tenho certeza que vocês não estão aqui hoje somente para aplaudir José, mas pelo orgulho que estão sentindo por verem concluída a nossa atividade-fim, que é formar para a cidadania”, afirmou.

O vice-reitor Eurico Lôbo ressaltou a superação dos limites: “Fizemos o projeto de expansão com muita dedicação e hoje isso é traduzido em nossa capacidade de transpor as dificuldades. É muito gratificante ver que estamos criando oportunidades e oferecendo uma vida melhor para nossos jovens e você, José, é a primeira mostra disso. Parabéns!”

A professora Sueli Nascimento fez questão de destacar o valor que revestia aquele momento.  “A apresentação do TCC de José foi uma grande expectativa; a sala ficou lotada, todos queriam ver a primeira defesa de TCC do Polo Palmeira. E, mais uma vez, ele desempenhou muito bem sua tarefa. Para nós, José é a comprovação de uma tese que lançamos em 2006 – “eficiência na deficiência”. Ele, na sua deficiência, mostrou-se tão eficiente ou mais do que nós”, declarou emocionada. “A dor e o prazer de ser o que é: experiências de uma pessoa cega na educação inclusiva” foi o tema do trabalho final de José Antonio, onde tratou o acesso e a permanência do deficiente visual na educação.

O novo diretor geral do Campus Arapiraca, Márcio Santos, também esteve na solenidade e, apesar de não ter ensinado o mais novo assistente social de Alagoas, salientou o quanto decisões bem pensadas geram grandes resultados. “José é o primeiro aluno do interior a se formar e já sai da Universidade para tomar posse em um concurso público. Isso mostra que vale muito a pena a interiorização e que, mesmo com todas as dificuldades, é fundamental a presença da Ufal no interior”, frisou.

A professora Marinês Coral falou de sua alegria por estar ajudando a construir uma nova realidade no interior alagoano. “No Polo Palmeira há muitos outros ‘Josés’ e ‘Josefas’ – alunos que superam seus limites a cada dia, e só estão aguardando serem chamados em concursos públicos. Acredito que nós, enquanto Universidade, estamos dando asas a esses meninos para que eles encontrem seu destino, e eu me sinto privilegiada por estar fazendo parte disso”, enfatizou.

Quando a palavra foi franqueada ao grande homenageado do dia, José não se intimidou e mostrou toda sua desenvoltura. O assistente social compartilhou suas expectativas, dificuldades e agradeceu enfaticamente a cada colega de curso, professor e técnico que deu suporte para ele durante todos esses anos. “Quando fazia o ensino médio, ficava pensando como ia cursar uma universidade; era uma frustração vê-la somente em Maceió. Quando a Ufal chegou a Palmeira foi uma realização. Passei no vestibular, mas daí eu precisava de uma acessibilidade mínima para cursar de maneira eficaz a graduação e isso foi providenciado pelo projeto de extensão ‘eficiência na deficiência’. Hoje é um dia de superação, mas é resultado de um esforço coletivo. Se não fosse o empenho de tantos amigos e professores, eu não estaria aqui”, declarou José.

Para acompanhar o curso de maneira satisfatória, José precisou de um programa leitor de tela que, através da digitalização de textos, sintetiza a voz humana e lê o conteúdo. “Nesse processo, os bolsistas do Projeto tiveram uma participação fundamental porque era necessário revisar minuciosamente os textos digitalizados para que não houvesse dificuldade para o leitor de tela interpretar as palavras”, explica o professor Elthon Oliveira.

Eficiência na Deficiência

O Projeto “Eficiência na Deficiência”, inicialmente de extensão, foi criado em 2006, com o intuito de dar suporte a alunos que tinham, de uma maneira ou outra, dificuldades para prosseguir na graduação. Atualmente, o Projeto ganhou patamar de pesquisa e é integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa-Ação (Pibip-Ação). Cerca de 30 pessoas, entre professores, técnicos e alunos fazem parte do Projeto que, segundo a coordenadora Lidiane da Silva, tem como foco esse ano políticas públicas para pessoas com deficiência. “Vamos pesquisar as políticas públicas e depois verificar se elas são colocadas em práticas nas instituições públicas de Palmeira dos Índios”, explica.

Continua: Exemplo de perseverança e de vida