Pacientes do HU aderem à acupuntura para superar dor e doenças emocionais
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Jacqueline Freire - jornalista
A população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas sabe que o Hospital Universitário é referência em serviços de média e alta complexidade. O que boa parte da população desconhece é que na instituição muitos pacientes são tratados por técnicas milenares, como a acupuntura.
Desde 1998, o serviço de acupuntura do Hospital Universitário atende em média 200 pacientes por mês. Criado a partir de um curso de especialização, numa parceria entre a Ufal e a Universidade Federal de São Paulo, o serviço conta hoje com o apoio de três médicos: Sálvio Almeida, Luiza Daura Fragoso e Márcio Valença, que também são professores de uma disciplina não-obrigatória sobre acupuntura para o curso de medicina.
Segundo o médico Sálvio Almeida, coordenador do programa, para ter acesso ao tratamento por acupuntura é preciso passar, inicialmente, por uma triagem (seleção). “Por enquanto, como não temos secretária, quem quer participar do programa conversa diretamente com um dos médicos e entra numa lista de espera, que hoje conta com mais de 200 pessoas”, explica. À medida que um paciente termina sua série de tratamento, outro da lista é chamado. Cada paciente faz dez sessões, a depender do caso clínico, sendo uma por semana. O serviço funciona no Ambulatório II, às sextas-feiras.
A acupuntura caracteriza-se por ser um tratamento complexo, que não se restringe às agulha, apenas. Na primeira consulta é feito um histórico clínico do paciente, e algumas vezes é preciso fazer também um diagnóstico médico convencional, para só depois indicar a acupuntura, que vai auxiliar tanto no tratamento das doenças, como na prevenção delas. “A acupuntura é um reordenamento da saúde como um todo, não tem um foco na doença”, diz a médica Luiza Daura.
Segundo ela, “quando o paciente tem a indicação do tratamento por acupuntura, ele é orientado sobre a prática e, depois de identificadas as principais doenças, é feito um programa de tratamento, voltado inicialmente para o paciente que nunca teve experiência ou que não conhece a acupuntura”.
Dor e doenças emocionais são as causas que mais trazem pacientes ao serviço de acupuntura do Hospital Universitário, mas espera-se que os estudos e pesquisas na área ampliem consideravelmente o número de pacientes e diversifique as patologias tratadas. A acupuntura age no sistema neuroendócrino, atuando em todo o organismo. “Com a evolução da pesquisa científica em acupuntura, a tendência é ampliar as indicações para esse tipo de tratamento”, explica Luiza Daura.
Shirlene Alcântara, estudante de Relações Públicas e em tratamento há menos de um mês, já percebe bons resultados: “Tinha muita dor de cabeça, crises de febre reumática e dores nas articulações que me incomodavam e me impediam de estudar. Em três sessões as dores diminuíram, inclusive nas articulações”. Para ela, o tratamento é muito bom, não mexe só com o físico, mas com a parte psicológica. “Dá uma leveza, uma tranquilidade, como se tirasse as cargas negativas do corpo e deixasse somente as positivas”, avalia.
A acupuntura surgiu na China como método terapêutico caracterizado pela inserção de agulhas na superfície do corpo, para tratar doenças e promover a saúde. A associação da acupuntura com outras formas convencionais de tratamento é bastante benéfica para o paciente, sendo algumas vezes indicado o uso de medicamentos, fisioterapia e outros métodos complementares.