Aumentam casos de doenças na população afetada pelas enchentes


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Tamara Albuquerque - jornalista

As enchentes registradas em Alagoas no período entre 18 e 21 de junho criaram condições de risco para a ocorrência e disseminação de doenças transmissíveis ou não, além de agravos que necessitam de resposta imediata em todos os 28 municípios afetados. O número de notificações tem aumentado nas cidades mais atingidas pela enxurrada na última semana, especialmente casos de leptospirose. A doença, que pode ser fatal, é transmitida pela bactéria leptospira, presente na urina do rato, que se espalha nas águas, invade casas e pode contaminar, através da pele, os que entram em contato com áreas infectadas.

Segundo o informe técnico da Superintendência de Vigilância à Saúde, divulgado hoje pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do Hospital Universitário da Ufal, as enchentes foram consideradas “emergência de saúde pública de interesse estadual” devido a sua magnitude, transcendência, intensidade e situação de risco para ocorrências de casos novos de doenças. O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância a Saúde vem mantendo contato com esses municípios e realizando busca ativa de casos dessas doenças nas unidades hospitalares de Maceió.

No período de 23 a 28 deste mês foram registrado 10 casos de leptospirose, principalmente em União dos Palmares e Santana do Mundaú, os dois municípios mais atingidos pelas enchentes. No mesmo período também foram notificados 50 acidentes por animal peçonhento; 58 casos de síndrome respiratória e 110 casos de diarréia aguda. Por enquanto, não há registro de casos de cólera, hepatite A, febre tifóide ou tétano acidental.

Os dados da Defesa Civil revelam que mais de 181 mil pessoas foram atingidas em todo o Estado, correspondendo a 27,4% dos municípios do estado: Quebrangulo, Santana do Mundaú, Joaquim Gomes, São José da Lage, União dos Palmares, Jundiá, Jacuípe, Branquinha, São Luiz do Quitunde, Matriz do Camaragibe, Paulo Jacinto, Murici, Rio Largo, Viçosa, Atalaia, Cajueiro, Capela, Maragogi, Marechal Deodoro, Satuba, Maceió, Colônia Leopoldina, Chã Preta, São Miguel dos Milagres, Passo do Camaragibe, Santa Luzia do Norte, Campestre e Ibateguara. Destes, quatro decretaram estado de emergência e 15 consideraram o evento como calamidade pública.

 As cidades com maior índice populacional afetado foram Santana do Mundaú (99,7% da população) seguido de União dos Palmares (87,7%). Pelo menos 37 óbitos foram notificados em sete dos municípios invadidos pela enxurrada. Em todos os municípios afetados pelas enchentes, a ocorrência dessas doenças e de eventos inusitados é considerada de notificação obrigatória.

A Superintendência de Vigilância à Saúde lembra que as equipes de saúde devem ficar atentas aos sinais e sintomas de febre de início súbito, cefaléia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular localizada ou não), vômitos, prostração, dois ou mais episódios de diarréia, dispnéia (falta de ar) e ferimentos. A notificação deve ser feita ao CIEVS pelo tefone 8882-9752/3315-2059, 0800 284-5415, pelo e-mail notifica@saude.al.gov.br ou na página do site.