Renorbio forma o primeiro doutor na Ufal
- Atualizado em
Diana Monteiro – jornalista
A primeira tese do Programa Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) na Universidade Federal de Alagoas será defendida no dia 23 de agosto pelo aluno João Gomes da Costa. Durante quatro anos, sob a orientação do professor Antônio Euzébio Goulart Sant’ Ana, do Instituto de Química e Biotecnologia, o aluno desenvolveu estudos para o controle natural do “pulgão”, um inseto “fitófago”, animal que se nutre de matérias vegetais e causador da praga em pimentão. Segundo a pesquisa, foi induzida no vegetal resistência ao inseto sem a utilização de agrotóxico que causa dano ao homem e ao meio ambiente.
João Gomes, que é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), diz que anualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realiza levantamento para detectar contaminação por agrotóxicos em alimentos. “O pimentão vem sendo há dois anos o primeiro colocado em contaminação por agrotóxicos, seguido do morango, uva, cenoura, tomate e alface, dentre outros”, enfatiza João.
O pesquisador é o nono aluno da rede a defender tese, e até o final de 2010 o programa colocará no mercado de trabalho cerca de cem doutores qualificados em diversas áreas de estudos. O Renorbio envolve nove instituições da região Nordeste mais o Estado do Espírito Santo.
O trabalho desenvolvido por João Gomes é sobre Ecologia Química e a maior parte dos estudos foi feita no Laboratório de Pesquisas em Recursos Naturais, instalado no Núcleo de Pesquisas Multidisciplinares, o “Severinão”. O laboratório é coordenado pelo professor Euzébio Goulart de Sant’Ana, um dos oito orientadores do Programa Renorbio, em Alagoas. No mesmo laboratório cinco alunos desenvolvem pesquisas científicas dentro do programa.
Pesquisa
Explicando a pesquisa, João Gomes diz que foi utilizada uma substância retirada do próprio pimentão atacado pela praga provocada pelo pulgão, e conforme resultado dos estudos desenvolvidos, funciona com eficácia como repelente da praga e atrativo para inimigos naturais. “A substância retirada é o próprio odor do pimentão que envolvido em uma sacola plástica, onde foi injetado ar limpo através de um tubo de vidro contendo composto químico. Esse procedimento é feito com a finalidade de prender o odor retirado do vegetal”, relata João falando sobre a etapa inicial da pesquisa.
Complementa o pesquisador que os tubos com o odor do pimentão receberam um solvente para que o perfume da planta viesse a se transformar em substância líquida. Para identificação da composição química, a substância foi levada a um equipamento existente no Laboratório em Recursos Naturais da Ufal, denominado de Cromatografia Gasosa acoplada a espectometria de massa.
“Após esses procedimentos foi realizada a etapa de teste com o inseto causador da praga, no caso o pulgão, para verificar a eficácia de combate como repelente, e com o inseto parasitóide, que é o inimigo natural do pulgão. Isso foi feito para saber se a substância utilizada atraía também o parasitóide, que é o inseto que combate o pulgão, comprovando-se, então a eficácia da pesquisa desenvolvida na Ufal”, complementa João.
O pesquisador informou que considera a pesquisa pioneira, porque na Europa a substância utilizada para induzir resistência ao vegetal atacado pelo pulgão é a Cis-Jasmona, que também foi testada no laboratório da Ufal. “Essa substância é sintetizada, mas é natural, não causa nenhum dano ao meio ambiente ao homem, e também é eficaz no controle da praga”, enfatiza João.
João Gomes é graduado em Agronomia pela Ufal e mestre em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal de Viçosa-MG. “Apresento no dia 23 de agosto a minha tese, mas a pesquisa terá ainda continuidade com a fase prática, sob a orientação do professor Euzébio Goulart”, afirma o pesquisador.