Ator fala de cinema nos tempos da ditadura militar

Kleverton Almirante – estudante de Jornalismo

O ator global Carlos Gregório esteve na Tenda da Cultura Estudantil, no Campus Maceió, na tarde desta quarta-feira, 20, para participar da exibição do curta metragem que originou a telenovela brasileira Vereda Tropical, exibida em horário nobre no final do regime militar. A exibição do curta faz parte da programação do Congresso Acadêmico 2010.

O curta é um conto de Pedro Maia Soares, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e fez parte do filme “Contos Eróticos”, uma pornochanchada brasileira lançada em 1977, que era composta por quatro estórias publicadas na revista de contos eróticos “Status”.

O tema da palestra ministrada pelo ator Carlos Gregório foi “Fazer Cinema no Brasil”. Como havia a repressão moral do regime militar no país, justamente por conta do episódio de Vereda tropical, o filme Contos Eróticos foi censurado por dois anos, sendo liberado somente em 1979, após muito se lutar na Justiça.

No conto há um personagem apaixonado por melancias. O Departamento de Censura da época liberou a exibição do filme somente para maiores de 16 anos, alegando que Vereda Tropical tinha a pretensão de induzir o espectador a ter relações sexuais com a fruta. Mais tarde, o curta foi transformado em telenovela.

“Vivi na ditadura militar, que não era só de repressão política, mas também moral. Os filmes naquela época eram censurados porque criticavam o comportamento e a hipocrisia da sociedade”, disse Carlos Gregório ao se referir à dificuldade em produzir filmes com liberdade de crítica no país naqueles tempos.

No cinema, Carlos Gregório tem atuação de 1972 a 2003. Sua carreira em telenovelas também remonta da década de 70. O último personagem do ator na televisão foi Júlio, na série “A Vida Alheia”, encerrada no dia 26 de agosto deste ano. Além de ator, Gregório é também diretor e roteirista, tendo produzido o roteiro de filmes como Se Eu Fosse Você e do programa Você Decide.