Diálogos Universitários: Caco Barcellos debate sobre violência


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Mesa de abertura contou com Daniel Preto, da Souza Cruz, prof. Luis Antônio, representando a reitora, Caco Barcelos e Isys Cavalcante, diretora da Econt Consultoria
Mesa de abertura contou com Daniel Preto, da Souza Cruz, prof. Luis Antônio, representando a reitora, Caco Barcelos e Isys Cavalcante, diretora da Econt Consultoria

Roberta Batista – estudante de Jornalismo

Coragem foi o sinônimo da palestra proferida pelo jornalista brasileiro, Caco Barcellos, na noite desta terça-feira, 26, no auditório da Famed, no Campus Maceió. O jornalista falou sobre violência para 310 participantes presentes na terceira edição do programa Diálogos Universitários na Ufal. O programa é promovido pela empresa Souza Cruz e, na Ufal, é também realizado pela empresa júnior Econt Cosultoria.

Segundo a diretora de Recursos Humanos da Econt, Roberta Santos, a opinião dos alunos está ganhando importância a cada realização do evento, que já trouxe para a Ufal o jornalista, Carlos Alberto Sardenberg e o economista Gustavo Loyola.

 “A Econt foca muito tempo durante um ano para a realização deste evento. Agora, estamos coletando os gostos dos alunos. O Caco Barcellos recebeu 39,6% dos votos do público da Feac. Já as inscrições foram encerradas após cerca de 40 minutos”, acrescentou Roberta.

Livros

Autor de três livros: Nicarágua - A Revolução das Crianças, Abusado – O Dono do Morro Santa Marta e Rota 66 – A História da Polícia que Mata, Barcellos focou no último para exemplificar o que perfil dos mortos pelos chamados grupos de elite das forças do estado. “No Rota, mostro que dos 4.200 mortos pelas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo, três eram de classe média. Os outros eram, na maioria, jovens de 17 anos, negros e migrantes. Além de 980 crianças assassinadas”.

Números

Para que os números sobre a violência não fossem passados com “frieza”, o profissional utilizou dois vídeos: um sobre a violência no trânsito de São Paulo e outro sobre um conflito entre israelenses e palestinos. Caco defendeu que, no trânsito, os mais violentos são os motoristas e que para justificarem os atos ilícitos contra os motoboys utilizam um argumento característico do brasileiro violento. “Ser violento e não assumir seu ato violento”, disse o repórter.

“No período de 2003 a 2010, a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido contabilizou aproximadamente 184 mil mortos. No mesmo período, mais de 300 mil pessoas foram mortas no Brasil. Não estamos em guerra e matamos muito mais”, declarou o jornalista durante a exibição do segundo vídeo.

Caco Barcellos também analisou a postura dos meios de comunicação sobre o tema da violência. Ele criticou o que chama de não mostrar todos os lados envolvidos. Não mostrar o lado os mais fracos. “Por que é que o correspondente de guerra mostra todos os lados da história quando está em outro país, por que não mostra aqui também? indagou o repórter da Rede Globo. “Isso é desinformar a sociedade, é mau jornalismo”, completou.

Influências

Para que os participantes entendessem os motivos que o levaram a escrever os livros e sua proximidade com o tema da violência, Caco Barcellos revelou quem o influenciou desde a infância: “Sou um daqueles herdeiros especiais: aprendi com meu pai a ter vergonha na cara. Um dia, meu pai chegou em casa com três dicionários embaixo do braço dizendo que aquele seriam os últimos presentes que eu e minha irmã receberíamos, porque naquele dia ele tinha enfrentado o chefe corrupto e estava desempregado. Ele achava que pelo caminho da escola o nosso futuro seria melhor”.