Álcool e drogas na adolescência é tema de estudo no Campus Arapiraca


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Professor Sóstenes com alunos do Projeto
Professor Sóstenes com alunos do Projeto

Diana Monteiro - jornalista

Buscando colaborar com a redução do uso de álcool e outras drogas por adolescentes do município de Estrela de Alagoas, uma equipe do Curso de Enfermagem do Campus Arapiraca vem desenvolvendo um projeto que tem como foco essa grave problemática. O projeto é coordenado pelo professor Sóstenes Ericson Vicente da Silva, visando implementar ações sócio-educativas no ambiente escolar, além de capacitar educadores para a atividade.

O “Projeto de prevenção e controle do uso de álcool e outras drogas por adolescentes com ênfase em práticas sócio-educativas e em atividades que promovam uma cultura de paz”, tem o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa – Ação (Pibip – Ação) e conta com uma equipe de quatro alunos e docentes do curso; um enfermeiro coordenador do Núcleo Municipal de Promoção à Saúde de Estrela de Alagoas e três professores da Escola Municipal João Paulo II.

Sóstenes explica que os estudos focados no uso e controle de álcool e outras drogas por adolescentes de Estrela de Alagoas foram motivados a partir da implantação do Núcleo de Promoção da Saúde daquele município, em 2008. “Participei da implantação do núcleo  e em março de 2009  dados parciais  do projeto  foram apresentados no Congresso Internacional de Promoção da Saúde, em Hermosillo, no México”, disse.

Ele destaca  que  Estrela de Alagoas, apesar de ser um município pequeno, convive diariamente com uma triste realidade: o envolvimento de jovens, adolescentes e também crianças no consumo de  álcool e de outras drogas. “Não temos informação de desenvolvimento de projetos com foco nessa problemática na região, e com o ingresso do grupo no Campus Arapiraca, foi dada a continuidade e suas ações ampliadas através da Pró-reitoria de Extensão”, enfatiza Sóstenes.

Sobre a realidade atual quanto ao uso de álcool e outras drogas por jovens em Alagoas, Sóstenes diz que alguns estudos mostram que não difere muito de outras capitais, como Salvador, Fortaleza e Recife. “No entanto, há uma tendência de crescimento entre adolescentes do uso de drogas ilícitas, tanto em Maceió  como em  várias cidades  do interior, como Arapiraca, por exemplo. Algumas estimativas apontam para índices superiores a 10 por cento da população de 12 a 19 anos que já consumiram ou consomem algum tipo de droga”, informa o professor Sóstenes.

Etapas

Na primeira etapa o Projeto promove encontros sócio-educativos com 175 adolescentes da Escola Municipal João Paulo II centralizando as discussões nas seguintes temáticas: processo do adolescer; protagonismo juvenil; a questão do uso de álcool e outras drogas por adolescentes; e práticas saudáveis. Na conclusão do encontro,  os adolescentes recebem a Caderneta do Adolescente e um certificado de participação do projeto.

Como segunda etapa, o projeto propõe criar dois grupos de discussão, com pais, educadores e adolescentes para dar maior visibilidade à grave problemática. “Em 2011 a equipe lançará um livro, contando a experiência”, frisa Sóstenes.

Problema social

O professor Sóstenes Ericson diz que o uso de álcool e de outras drogas consiste em um fenômeno social e se expressa de acordo com determinantes econômicos, sociais, políticos, culturais, dentre outros. Mesmo o fenômeno sendo o mesmo - diz o professor - as expressões são peculiares e têm determinação diversas entre as antagônicas classes sociais.

Acrescenta que os fatores que levam um jovem de classe alta a consumir cocaína, não são os mesmos, nem são as mesmas circunstâncias que os que levam o filho de um operário, por exemplo, de Arapiraca a consumir drogas. “Estamos tratando do mesmo fenômeno, em um mesmo país, numa mesma região, num mesmo estado, mas as determinações são diferentes. Precisaríamos, portanto, encontrar um fio que “unisse” tais realidades, contraditórias e complexas”, diz  Sóstenes.

O projeto tem como proposta  atuar nos potenciais consumidores, pois  são eles que sustentam a cadeia de produção e comercialização. “Propomos ainda  oportunidades coletivas de pensar sobre a questão, mas deixamos que os próprios sujeitos construam suas respostas. Damos ênfase à motivações, as causas do uso e não ao uso em si. Os adolescentes estão cansados de palestras mostrando os efeitos da maconha. Seria mais interessante saber como fazer para não precisar”, conclui  o professor Sóstenes.