Casos de dengue em Maceió crescem em 476% em relação a 2009
Foram registrados 19.419 casos; 46% foram considerados graves
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Gazetaweb - Wanessa Oliveira e Gabriela Moreira
A dengue continua preocupante devido aos números alarmantes em Maceió. Só em 2010, foram registrados 19.419 casos, crescimento que corresponde a 476% em relação ao ano de 2009. Dentre todos os casos, 46 foram considerados graves e sete pessoas morreram por complicações desencadeadas pela doença.
As informações foram repassadas pelo gerente técnico do Programa de Dengue em Maceió, Paulo Carvalho, durante a terceira reunião do comitê de mobilização contra a dengue. Segundo o gerente, não há uma responsabilidade única pelo ‘surto’ da doença. “A culpa é coletiva. Houve um crescimento de dengue em nível nacional e é difícil encontrar um único culpado”, relatou.
Carvalho acrescentou que situações administrativas e pessoais terminam complicando ainda mais a situação. “Várias situações corroboram para o problema, que é administrativo, na medida em que passa por abastecimento de água, recolhimento de lixo e falta de saneamento, e pessoais, já que também perpassam por hábitos simples como evitar água parada” explicou.
Classificando as mortes por dengue como uma ‘vergonha’ para Maceió, o assessor da Secretaria de Saúde, Celso Tavares, relatou que a dengue preocupa a capital alagoana desde o ano de 1986. Entretanto, o infectologista descarta que o problema seja causado por falta de informações. “Se houvesse um show do milhão só com o assunto da dengue, todo mundo estava milionário”, brincou. “O problema é realmente que não há mudança nos hábitos e nas atitudes”, acrescentou, emendando que vê na vacina a solução mais eficaz para resolver o problema.
“Cabe ao estado fornecer atendimento e acompanhamento médico a todos os doentes. Mas para evitar a dengue é preciso também que cada alagoano pense no outro. Falta solidariedade. Eu sou alagoano e sinto isso. Os alagoanos são muito egoístas”, relatou.
Plano de intensificação: 90% de obras têm foco de mosquito
Ao ressaltar a necessidade de um plano de intensificação, inclusive antecipando o ciclo de combate de 60 dias para 30, Paulo Carvalho informou que efetuaria, ainda, uma campanha educativa com todos os profissionais da construção civil. “Em levantamento recente, foi possível constatar que 90% das obras tinham focos de mosquito”, afirmou.
Segundo o gerente técnico, as operações dos agentes da secretaria incluem medidas ainda mais radicais: a entrada forçada em locais abandonados – que já constituem cerca de 500 imóveis – e uma intervenção em residências e estabelecimentos onde as pessoas se recusaram mais de uma vez a receber a entrada de um agente. “É mais delicado porque envolve o Ministério Público”, comentou, reiterando a necessidade de reforçar atitudes combativas contra a doença.