Longe de casa: os novos moradores de Santana do Ipanema

Texto: Lídia Ramires

Fotos: Diego Gourthieres

O projeto de interiorização da Ufal trouxe à Santana do Ipanema novos alunos e também novos moradores. Além de garantir acesso aos moradores do município e da região circunvizinha aos cursos de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis, a chegada da Ufal ao Sertão possibilitou à chegada de estudantes de municípios distantes e uma nova realidade: viver longe de casa.

Distantes de família, dos amigos, da cidade natal, eles iniciam uma nova vida. Além do desafio do início de um curso superior, esses jovens começam a viver a experiência de administrar o tempo, as aulas, moradia e a responsabilidade das decisões diárias, antes sob a responsabilidade dos pais.

Os alunos de Ciências Contábeis, José Renato Barreto, 21, e Lucas Pacheco, 17, se conheceram no dia da matrícula. Os pais acompanhavam os filhos e, em meio à conversa sobre a preocupação com a estada para os filhos, ficou decidido que os dois dividiriam despesas e moradia em uma pousada da cidade. “O Lucas é o ‘dono’ da chave. Como vou à Arapiraca todos os dias e volto no início da tarde, fico apenas para dormir depois das aulas à noite”, explica José Renato. Lucas morava com a família em Maceió e, com a nova rotina, retorna à capital apenas no sábado e diz que o dia a dia com o colega é tranquilo. “Somos bem parecidos, aí fica fácil a convivência”, diz Lucas.

Para Layla Moura, 21, dividir casa com a colega de turma Hosana de Souza, 19, tem sido um aprendizado. “Temos temperamentos fortes e precisamos equilibrar o que cada uma quer para que a parceria dê certo. Até agora está tudo bem e esperamos que seja sempre assim”, explica a estudante que saiu de casa e sente falta do conforto e da segurança dos pais sempre por perto. As tarefas de casa, as compras e o aluguel agora são preocupações das duas. “A cada dia uma assume as tarefas da casa”, esclarece a arapiraquense Hosana.

A mudança exige em alguns casos, além da adaptação à nova rotina doméstica, a responsabilidade de se manter outra cidade exige dividir o tempo com estudo e trabalho. Francisco Valença, 18, que ao saber da aprovação no PSS, distribuiu currículos pelas lojas da cidade e foi selecionado. “Sai de Coruripe e vim para Santana do Ipanema para o início das aulas e do trabalho num supermercado”, explica Francisco.