Paulo Vanucchi destaca a história de Alagoas na luta pela liberdade


- Atualizado em
A partir da esquerda: Paulo de Tarso, Eurico Lôbo, Álvaro Machado, Pedro Montenegro e Tomás Beltrão
A partir da esquerda: Paulo de Tarso, Eurico Lôbo, Álvaro Machado, Pedro Montenegro e Tomás Beltrão

 Diana Monteiro – jornalista

O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, inaugurou na última segunda-feira, 29 de novembro, no Campus Maceió, o Memorial de Pessoas Imprescindíveis, que homenageia nove alagoanos vítimas da ditadura militar. O Memorial está instalado na Praça da Paz, vizinho ao Restaurante Universitário e é o vigésimo quarto inaugurado no país pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Além da comunidade universitária e autoridades, a solenidade contou com a participação de familiares de mortos e desaparecidos durante o regime militar.

O ministro Paulo Vannuchi ressaltou que Alagoas é o Estado que proporcionalmente teve mais heróis na luta pelos direitos humanos e justiça social. “Os alagoanos Jayme Miranda, Manoel Lisboa, Odijas Carvalho, Túlio Roberto Cardoso, Manoel Fiel Filho, José Gomes Teixeira, Luiz Almeida Araújo, Dalmo Guimarães e Gastone Beltrão derramaram seu sangue pela liberdade no Brasil,  continuando a luta do grande herói desta terra,  Zumbi dos Palmares”, enfatizou o ministro.

O ministro destacou as ações do Governo Lula para a redemocratização do país, contribuindo para que essa luta continue viva na memória da sociedade brasileira, principalmente dos mais jovens. “Daí a importância da instalação do memorial na Ufal, a exemplo das federais de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e das universidades de São Paulo e de Brasília”, disse Paulo Vannuchi.

"A juventude deve ter um olhar histórico para esse período de tanta importância para a redemocratização do país. Na verdade esses nove alagoanos homenageados devem ser olhados mais como heróis do que vítimas", enfatizou Paulo Vanucchi. Ele informou também que desde maio o presidente Lula enviou à Câmara Federal um projeto de Lei para que se crie finalmente um Comissão Nacional da Verdade. “O objetivo é esclarecer a verdade dos fatos ocorridos durante a ditadura militar e punir os torturadores, contando a história, quebrando assim o ciclo da impunidade”, disse o ministro.

Cumprimentando a todos, o reitor em exercício, Eurico Lôbo, parabenizou o ministro Paulo Vanucchi pela iniciativa e ao Diretório Central dos Estudantes pela importante articulação para a instalação do Memorial na Universidade Federal de Alagoas, em parceria com a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e o Centro Cultural Manoel Lisboa, representado por Indira Xavier, responsável pela condução da solenidade.

“Parabenizo ao Governo de Alagoas, aqui representado pelo secretário Álvaro Machado, pela nossa parceria em várias ações. Parabenizo a arquiteta Cristina Pozzobon pela obra magnífica que representa os direitos fundamentais dos alagoanos e ressalto o trabalho da Ufal, desenvolvido pela Pró- reitoria Estudantil, através do programa ‘Ufal em Defesa da Vida’, que tem como foco de suas ações o indivíduo. Solidarizo-me com os familiares desses alagoanos que tiveram suas vidas ceifadas na luta pela construção de uma sociedade democrática. A Ufal estará sempre de braços abertos para ações que valorizam a vida. A Ufal não é uma instituição que pensa apenas na excelência acadêmica, mas também na formação cidadã”, destacou Eurico.

Resgate histórico

Bastante emocionado, Tomás Beltrão, irmão de Gastone Beltrão, representou os familiares dos nove alagoanos e ressaltou que todos que tombaram durante o regime militar eram bons. “Todos foram bons pais, bons filhos, bons amigos, enfim, cidadãos decentes. Essa celebração aqui significa que temos a responsabilidade de dar continuidade a luta pela democracia no Brasil, que a partir do governo Lula tornou-se mais sólida culminando com a eleição de Dilma Roussef, também vítima dos porões da ditadura”, ressaltou Tomás.

O estudante Ézio Melo, coordenador geral do DCE, disse ser aquele momento fundamental  para o reconhecimento da nossa história e destacou a luta de Alagoas pela democracia. “A luta continua. A luta que se perde é aquela que se abandona”, frisou.

“É inegável a contribuição da Ufal para a minha consciência de advogado que sou e para as lutas travadas pelo movimento estudantil visando a redemocratização do país”, disse o secretário Pedro Montenegro, relembrando o tempo de estudante.

O secretário-chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, ressaltou os projetos que o Governo do Estado vem realizando para a preservação da história. Citou o Projeto Memórias Reveladas, que tem acervo documental do jornal “A Voz do Povo” e do Dops, já disponibilizados na internet.

A professora Ruth Vasconcelos, coordenadora do Programa “Ufal em Defesa da Vida”, considerou a inauguração um momento histórico e destacou que o monumento serve como processo educativo para a comunidade universitária. “A Ufal insere-se nesse contexto e tem a honra de acolher essa justa homenagem. Em 2009, a instituição homenageou os alagoanos, vítimas do regime militar. É importante não deixar que os jovens esqueçam essa nossa história”, destacou.  

Ainda no dia 29, o ministro abriu solenemente a Exposição “Direito à Memória e à Verdade”, instalada na Biblioteca Central, cujo acervo foi doado à Ufal.  À noite, presidiu a 5ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que estreou esta semana no Cine Sesi, com um documentário e o filme "Mister Fiel". A mostra terá início sempre às 17h, com duas e até três sessões diárias.