Ministro espera avanços nas polícias
Em entrevista à Gazeta, Paulo Vannuchi fala sobre as mortes dos moradores de rua em Maceió e da guerra contra o tráfico no RJ. Há pouco tempo quando se falava em direitos humanos, muitas pessoas torciam o nariz, entronchavam a cara e diziam: "esse povo só defende bandido". Em Alagoas, até hoje tem gente que pensa assim, mas eles fazem parte de um grupo apequenado, cada vez mais reduzido.
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Por Maurício Gonçalves, Gazeta de Alagoas, 5 de dezembro
Uma esmagadora maioria da população brasileira já sabe que existem direitos humanos, mobiliza-se, exige que eles sejam cumpridos e denuncia violações. Muita coisa mudou no País com a consolidação da democracia, após o fim da ditadura militar. A criação de um órgão com status de ministério para tratar dos direitos humanos é um marco nessa transformação. À frente da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR), o ministro Paulo Vannuchi, veio a Maceió no início da semana e concedeu uma entrevista exclusiva à Gazeta de Alagoas.
Na terra onde há alguns anos o governo do Estado defendia que "bandido bom, é bandido morto", as execuções em série de 29 mendigos em 2010 deixa em alerta os defensores dos direitos humanos, o governo federal, as autoridades de segurança pública e do Judiciário. Pouco antes de inaugurar um monumento em homenagem aos nove alagoanos mortos ou desaparecidos durante o regime governado pelos generais, o ministro Vannuchi conversou com a reportagem da Gazeta por mais de uma hora.
Além da inauguração na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a agenda do ministro incluiu a abertura da exposição "Direito à Memória e à Verdade", com uma mostra fotográfica dos 21 anos da ditadura no Brasil, que já foi vista por mais de 2,5 milhões de pessoas em 50 cidades. Paulo Vannuchi também participou da 5ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos da América do Sul, aberta no Cine Sesi Pajuçara com o filme Perdão Mister Fiel, que trata do operário alagoano, Manoel Fiel Filho, torturado e morto durante a ditadura.
Ex-preso político, torturado no regime militar, Vannuchi foi contemporâneo da presidente eleita Dilma Rousseff na luta pela consolidação da democracia no País. Considerado um dos principais articuladores de direitos humanos do PT e das duas gestões do governo Lula, o ministro é cotado como um nome quase certo para continuar no cargo. Na entrevista resumida em tópicos, a seguir, ele fala da pressão para que a polícia alagoana investigue direito as mortes dos moradores de rua, da guerra contra o tráfico no Rio de Janeiro e dá uma aula de direitos humanos nas entrelinhas de cada ideia defendida.
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