Plantas alagoanas garantem sucesso de irrigação

Pesquisadores da Ufal chegaram à espécie após 4 anos de estudo


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Maikel Marques – Gazeta de Alagoas, em 5 de dezembro

A pesquisa que norteou a implantação do sistema de irrigação subterrânea implantado pela Usina Coruripe foi desenvolvida pelo professor doutor Gilson Moura Filho, do departamento de Agronomia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Os pesquisadores coordenados pelo professor chegaram à conclusão de que duas das variedades de cana desenvolvidas em Maceió eram as ideais para cultivo por meio do gotejamento.

A investigação envolveu alunos de graduação, mestrado e doutorado da Ufal. Durou quatro anos, tempo suficiente para que os cientistas descobrissem que, nas áreas onde haveria o gotejamento subterrâneo, não seria viável a utilização de adubo capaz de elevar o nível de acidez do solo. "Também buscávamos resposta para a quantidade ideal de nutriente a ser aplicado em cada planta", explicou o professor.

Os experimentos apontaram para viabilidade de três variedades de cana-de-açúcar: RB92579, RB 93509, e RB867615. As duas primeiras foram desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar da Ufal, sob coordenação de outro doutor, Geraldo Veríssimo. "Duas plantas alagoanas e uma mineira garantem o sucesso da irrigação lá na usina", completa. Definidas as variedades de plantas, os pesquisadores, também fizeram estudos para escolha do tipo produto (mangueiras, conectores) próprios para irrigação das raízes.

O objetivo era conseguir fazer com que o liquido e os nutrientes regassem a planta com qualidade e rapidez. Para tal, havia necessidade de aferir inclusive a pressão necessária à distribuição do líquido entre os ramais sob o canavial.

Dilatação da Mangueira

"A mangueira tinha que ficar túrgida (dilatada) mesmo debaixo da terra. Só assim o líquido chegaria à raiz da planta. Também havia necessidade de pressão na distribuição da água. o que é feito pelas estações de bombeamento. Felizmente, encontramos os padrões ideais às necessidades da usina", detalha o professor Gilson Moura Filho. A adoção das diretrizes definidas pela equipe de pesquisadores tem contribuído para elevação da produtividade em até 170 toneladas por hectare, o que supera a média regional, entre 70 e 80 toneladas/hectare. Outra vantagem do trabalho é a perspectiva de redução da capacidade ociosa da indústria.

"Elevamos nossa capacidade de processamento para 2 milhões e 400 mil toneladas, mas esperamos atingir os 2 milhões e 650 mil. Em cinco anos, todo o investimento [de R$ 23 milhões] estará pago com a lucratividade da cana irrigada", estima o agrônomo Pedro Carnaúba, colega de turma do pesquisador Gilson Moura na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

"Eu fui para o mestrado e doutorado lá em Minas Gerais. Pedro veio trabalhar por aqui. Fiz concurso para a Ufal. Certo dia, a gente se encontrou para desenvolver este projeto", recorda Gilson Moura, doutor em solo e nutrição de plantas pela Universidade Federal de Viçosa (MG).

Dos pesquisadores que fizeram parte dos experimentos, José Waldeir Tenorio concluiu mestrado e doutorado sobre irrigação subterrânea e acabou sendo absorvido pela usina. Ele é o atual diretor do departamento de pesquisa da empresa.