Tecnologia integra plantio da cana e reduz custos

Monitoramento digital é responsável pelos sistemas de gotejamento e de pivôs


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Maikel Marques – Gazeta de Alagoas, em 5 de dezembro

O eletrotécnico Francisco de Assis Vieira veio de Petrolina, Sertão de Pernambuco, como representante da empresa que venceu milionária licitação aberta pela Usina Coruripe para contratação dos especialistas na montagem dos tubos por meio dos quais se desenvolve o sistema subterrâneo de gotejamento.

"Na fruticultura, a água pinga sobre a planta. Aqui, no canavial, nosso desafio era fazê-la pingar debaixo da terra. O líquido que jorra de cada um dos orifícios molha duas raízes de uma só vez", explica o profissional, parceiro dos mais de mil operários e técnicos vinculados ao Departamento de Irrigação e Topografia daquela indústria.

Francisco de Assis é defensor intransigente da viabilidade do novo sistema de irrigação, desenvolvido para gerar frutos no subsolo. "Já sabemos dos resultados. E ainda vamos vender nosso conhecimento para muita empresa neste País", avisou.

O trabalho do pernambucano depende do afinamento com diversos outros profissionais que dedicam suas vidas ao cultivo e colheita da cana-de-açúcar.

Alguns deles trabalham no setor da responsável pelo planejamento e monitoramento digital do sistema de irrigação, por meio de irrigação por gotejamento subterrâneo ou por meio de pivôs, estes pendurados em estruturas metálicas que se movimentam a partir de comandos digitais.

"O plantio é integrado. Da medição da área de cultivo à introdução das sementes, tudo é feito com apoio da tecnologia, que contribui para redução de custos e aumento da produtividade, além de evitar prejuízos", explica Pedro Carnaúba, funcionário da empresa há 22 anos.

Guiado pelo GPS

Para exemplificar o uso da tecnologia, o agrônomo conduziu a reportagem da Gazeta à área de plantio cujas coordenadas foram inseridas no equipamento de GPS (Sistema de Posicionamento Global, em inglês). Por meio de conexão sem fio, as informações do terreno são enviadas à central da empresa, e de lá repassadas ao computador de bordo do trator conduzido por Genivaldo Araújo dos Santos.

Na cabina refrigerada, o ex-cortador de cana - promovido pelo critério de competência ao atual posto funcional - ouvia música sertaneja quando parou para nos explicar como é que não perde o prumo da máquina que faz os sulcos na terra, insere as sementes e enterra a mangueira para irrigação.

"É muito simples. Clico na tela, seleciono a área onde estou. A informação que chega pela antena faz o trator trabalhar em linha reta e sem pender para direita ou esquerda. Fico só observando. Não preciso nem acelerar", diz, sorridente, o ex-cortador de cana cuja família conta agora com salário de R$ 1.600 mensais.

A necessidade de precisão no trajeto da máquina em solo irregular tem justificativa: cada orifício da mangueira de irrigação precisa estar exatamente entre duas plantas, distantes 50 centímetros uma da outra.

"Dependemos de simetria entre a saída da água e a planta. A produtividade vai depender desta precisão, o que tem sido possível graças à utilização da tecnologia", emenda Pedro Carnaúba.