A doação do folclorista
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Fernando Coelho - repórter da Gazeta de Alagoas
De acordo com José Carlos dos Santos, responsável pela reserva técnica do acervo do museu mantido pela Ufal, a doação original do folclorista Théo Brandão constava de aproximadamente mil itens. Alguns deles, como as obras de Vitalino, Enéas Tavares e José Rufino, figuram na exposição permanente. "As mais importantes são as de Vitalino. Há cerâmicas de Carrapicho (Sergipe) feitas por artistas que já morreram e são muito raras, ninguém faz mais. São moringas que representam as figuras do cinema", conta José Carlos.
Fitas, filmes, slides, fotografias, livros, periódicos e documentos também integram o material doado por Théo Brandão à instituição. "Muitos deles estão guardados na biblioteca", diz José Carlos, que é formado em Letras pela Ufal e chegou a trabalhar ao lado do folclorista. Perdas, segundo ele, já ocorreram. A mais grave foi na década de 80. "Em 1985, caiu uma parte do telhado em cima de uma coleção de cerâmica doada por Théo Brandão. Não eram de artistas tão importantes.
Outras se perderam por deterioração e por quebras", esclarece. "Temos uma coisa negativa no acervo porque as peças são feitas de material bastante perecível, principalmente as de madeira e de palha, porque os artesãos usam uma madeira que não é muito boa. Depois de cinco, seis anos, começam a se deteriorar. Colocamos remédio, mas nem sempre funciona".
A necessidade de espaço para conservação é iminente. "O ideal seria que a universidade adquirisse um espaço para a gente guardar o acervo do museu. Uma parte é catalogada, mas há coisas que precisam ser renovadas. Algumas peças já se perderam e é preciso refazer essa catalogação". Muitas delas já vieram sem identificação, daí a razão para algumas serem expostas sem maiores informações. "O doutor Théo doou um acervo em que algumas peças tinham identificação e outras não. Elas são representativas da cultura local, mas nós não sabemos sua origem".
O acervo sumiu
Na história do Museu Théo Brandão, há ao menos duas polêmicas envolvendo o desaparecimento de itens do acervo. A primeira foi denunciada pela própria vítima, o artista Enéas Tavares, um dos mais importantes xilogravuristas de Alagoas e ex-funcionário da casa. O caso l ocorreu na época em que o acervo foi transferido para o Espaço Cultural por causa dos trabalhos de restauração.
Enéas alegou que até ferramentas de sua propriedade tinham desaparecido. O outro episódio, também sem muitos detalhes, é relatado pela atual assessora de imprensa da casa, a jornalista Jacqueline Batista. "Logo quando eu cheguei aqui, algumas fitas doadas por Théo Brandão tinham desaparecido. Foi uma confusão. Eu não posso afirmar quem fez o quê, mas uma das pessoas que pegaram o material foi na Ufal e devolveu, e aí tudo voltou para cá", conta Jacqueline. "Depois disso, a direção teve o cuidado de reforçar a segurança".
Tropeços no mundo virtual
Outra lacuna na relação do museu com a sociedade é a deficiência verificada na atualização de seu site, que parece nunca ter sido finalizado. Ao clicar no endereço www.ufal.br/museutheobrandao, o visitante encontra uma página de diagramação confusa e primitiva, com tinks quebrados, seções de agenda e exposições sem informações e textos dispostos de modo aleatório.
Até na página do site da Ufal sobre o museu, os dados estão tão desatualizadas que o telefone para contato e informações ainda preserva o prefixo de três números (221-2651). "Nós estamos na mão da universidade", explica Lysia Cabral. "A Ufal está reestruturando todos os sites das pró-reitorias e estamos dependendo disso. Esse aí é horrível. Muito poluído e não tem nada. Eu estou cobrando do pró-reitor de extensão, Eduardo Lyra, para que a gente faça um novo site". É o mínimo que um dos principais pontos turísticos de Alagoas merece.