A universidade para Alagoas: uma proposta aberta
A primeira década do século XXI representa um momento diferenciado na política nacional, com a ascensão à presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula. Do ponto de vista da educação superior, houve uma aplicação maciça de recursos nas universidades públicas brasileiras e a criação de mecanismos, como o Prouni, para ampliação imediata do acesso, via rede privada, a alunos vindos de segmentos economicamente pobres da população. Esses investimentos, de fato, não podem ser vistos como panaceias, mas trouxeram mais flexibilidade orçamentária na tomada de decisões. Em sintonia com essa conjuntura, a atual reitora, Ana Dayse Dorea, vem aproveitando ao máximo a política do Governo Lula para garantir a permanência da educação superior pública e gratuita em Alagoas.
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Uma das principais ações da sua gestão é a interiorização do ensino, via Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Com essa proposta, a Ufal, antes restrita praticamente a Maceió, vai ampliando seu campo de atuação para todo o Estado. Antes desse processo, contudo, houve algumas experiências nessa direção, como o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC), em Arapiraca, o curso de Agronomia, em Viçosa, o Núcleo de Extensão e Desenvolvimento Regional (NEDER) e o Programa de Assessoramento Educacional aos Municípios de Alagoas (PROMUAL), que davam assessoria técnica e científica a municípios de todo o Estado. Mas nenhuma delas teve a abrangência de investimentos em obras físicas e equipamentos como hoje.
Esse segundo ciclo de expansão está sendo realizado de modo amplo e sistemático, tendo o apoio, principalmente, do Reuni. A implantação do Programa sofreu resistência de segmentos politicamente organizados de discentes e docentes, mas, uma vez aprovado pelo Conselho Universitário, tenta vencer alguns obstáculos de infraestrutura e manutenção, hoje representando a principal via de acesso ao ensino superior para a população estudantil que mora em áreas distantes da capital. Os polos de Penedo, Palmeira dos Índios, Viçosa e os campi de Arapiraca e do Sertão, este localizado em Delmiro Gouveia, formam uma rede articulada à reitoria do campus A. C. Simões, em Maceió e abrem para os alagoanos do interior oportunidades que vão para além da formação pública e gratuita para carreiras do magistério. Hoje, circulam no complexo de polos e campi da Ufal, aproximadamente, 1300 professores, com mestrado, doutorado e especialização, 1600 técnico-administrativos e 21.000 estudantes, incluindo graduação, pós-graduação e Ensino a Distância (EAD).
Houve um salto acentuado nas contratações por concurso, na capacitação dos servidores e na ampliação do número de vagas para o ingresso na graduação, que conta agora com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como instrumento de seleção. Os dados da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação apontam um aumento na criação de cursos de pós-graduação e de editais em convênio com outras instituições, e do aperfeiçoamento técnico. Atualmente, quase 600 doutores e pouco mais de 400 mestres integram o quadro permanente da instituição. Uma parte desse contingente é formada por docentes vindos de outros estados do Brasil e do exterior, o que acentua a diversidade cultural e a troca de conhecimentos. No plano da graduação, novos cursos foram criados, a exemplo de Engenharia de Petróleo, Engenharia de Computação, Design e Química Tecnológica e Industrial.
No campo da pesquisa, existem centenas de grupos de pesquisa na pós-graduação e de projetos na área de graduação e extensão mantidos em convênio com instituições como a Capes, o CNPq, a Fapeal, e que atuam em diferentes temáticas. Um fato novo é a implantação do primeiro curso de mestrado profissional em Ensino de Ciências e Matemática. Segundo o Boletim Estatístico de 2009, a universidade disponibilizou quase 2.400 bolsas para a realização desses projetos. Parte dessa produção é transformada em livros editados pela Edufal que, além da política de publicação, organiza a Bienal Internacional do Livro de Alagoas, já na quinta edição em 2011.
Diante disso, os desafios da Assessoria de Comunicação da Ufal (Ascom) multiplicaram-se. O aumento na área de atuação da universidade exigiu a contratação de novos técnicos-administrativos e bolsistas de comunicação, bem como a compra de equipamentos, mas ainda é uma tarefa difícil cobrir todas as demandas. Só existem dois veículos de divulgação em atividade, a Folha Universitária, uma publicação impressa de periodicidade bimestral, e o Portal de Notícias. As matérias, em sua maioria, referentes a eventos científicos são produzidas pela equipe da Ascom, que conta com parceiros como o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) e os agentes de comunicação no interior.
Em âmbito de planejamento, todas as estratégias para o desenvolvimento da universidade seguem agora, de modo sistemático, duas orientações: o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Esses documentos plurianuais contêm planos e metas que devem ser cumpridos pela instituição, avaliados permanentemente pelo MEC.